Carolina do Sul recupera execuções com pelotão de fuzilamento

Estado norte-americano é o 4.º a adoptar o método perante a escassez de medicamentos para a injecção letal. Autores da proposta dizem que é uma alternativa “menos bárbara” à cadeira eléctrica.

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O fuzilamento foi aprovado no Utah em 2015 TRENT NELSON/SALT LAKE TRIBUNE/REUTERS

Os pelotões de fuzilamento vão regressar ao estado norte-americano da Carolina do Sul como método de execução de presidiários condenados à pena de morte. A proposta já foi aprovada nas duas câmaras do Congresso local e falta apenas a assinatura do governador, que é um apoiante da ideia desde a primeira hora.

Depois da aprovação no Senado, em Março, a proposta foi aprovada na Câmara dos Representantes na quarta-feira, em ambos os casos com os votos da maioria do Partido Republicano.

Mas a ideia inicial para o regresso dos pelotões de fuzilamento como método de execução na Carolina do Sul foi de um senador do Partido Democrata, Dick Harpootlian. E surgiu como resposta ao sucessivo adiamento das execuções no estado desde 2013, quando as autoridades locais deixaram de conseguir comprar os medicamentos necessários para a injecção letal.

Devido à recusa das empresas em vender esses medicamentos para não ficarem associadas às execuções num momento de maior oposição à pena de morte nos EUA, a injecção letal deixou de ser uma opção viável na Carolina do Sul e em outros estados na última década.

No caso da Carolina do Sul, os presos têm direito a escolher um de dois métodos – a injecção letal ou a cadeira eléctrica. Perante a falta dos medicamentos, escolhiam a injecção letal e, na prática, garantiam o adiamento da sua execução.

Foi por isso que o senador Dick Harpootlian propôs que o pelotão de fuzilamento fosse acrescentado às opções. A partir de agora, sempre que um preso for questionado sobre a sua preferência, terá de escolher entre ser electrocutado ou fuzilado quando a injecção letal não estiver disponível.

Para Harpootlian, o regresso dos pelotões de fuzilamento foi uma decisão humanitária.

“Não estamos aqui para nos vingarmos, nem para infligirmos dor. Estamos aqui para cumprir a sentença de morte, e esta parece ser a forma menos bárbara de o fazer”, disse o senador do Partido Democrata, em Março, citado pelo canal ABC News 4.

“Durante as minhas pesquisas, descobri que o Utah tem usado pelotões de fuzilamento há muito tempo. É uma morte instantânea e sem sofrimento”, acrescentou.

Em vez de suspender a pena de morte – como aconteceu no Oregon, na Pensilvânia e na Califórnia na última década –, a Carolina do Sul decidiu retomar as execuções com a aprovação de um terceiro método que, em comparação com a cadeira eléctrica, é tido como menos doloroso para os presos e menos traumático para as testemunhas.

“A cadeira eléctrica é um dispositivo de tortura”, disse a reverenda Hillary Taylor, do condado de Saluda, durante as discussões sobre a proposta no Senado, em Fevereiro. “É profana até para quem não professa nenhuma fé.”

Ainda não foi decidido de que forma será levado a cabo o fuzilamento na Carolina do Sul. Uma das referências é o estado do Utah, onde o método foi recuperado em 2015 devido à falta de medicamentos para a injecção letal. No Utah, cinco voluntários do condado onde o crime foi cometido disparam, ao mesmo tempo, contra o peito do preso a seis metros de distância – e só um deles não tem munições reais na arma

Nos EUA, 27 estados têm ainda a pena de morte nas suas leis, embora três deles tenham aprovado moratórias (Oregon, Pensilvânia e Califórnia). A pena de morte foi abolida nos restantes 23 estados e na capital norte-americana, com a Virgínia a ser o mais recente a fazê-lo, em Março.

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