Vem aí o primeiro dicionário de português de Moçambique, anunciou Augusto Santos Silva

A cerimónia oficial de comemoração realiza-se em Lisboa, mas o Dia Mundial da Língua Portuguesa comemora-se em formato híbrido, presencial e ‘online’, com programação em 44 países de todos os continentes.

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Augusto Santos Silva (MNE) LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Dia Mundial da Língua Portuguesa está a ser assinalado nesta quarta-feira numa sessão solene em que o ministro dos Negócios Estrangeiros já anunciou a edição do primeiro dicionário de português de Moçambique. “Só havia em Portugal e no Brasil”, disse Augusto Santos Silva para demonstrar a importância do projecto.

O governante foi o primeiro a intervir nas comemorações que decorrem no Centro Cultural de Belém e que contarão ainda com declarações do secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com mensagens em vídeo do secretário-geral da ONU, António Guterres, do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que está de visita ao Porto.

Augusto Santos Silva falou sobre as áreas em que é preciso cuidar, como tem acontecido até aqui, a língua portuguesa, especificando a literatura, a investigação e o estudo. Foi nesse contexto que salientou a investigação linguística em curso, a realização do primeiro curso de Verão de Língua Portuguesa (organizado por várias universidades que uniram esforços) e o grande projecto elaboração do primeiro dicionário de português de Moçambique. 

No capítulo literário, o ministro revelou que acontecerá, durante a sessão deste 5 de Maio, a entrega do Prémio de Literatura dstangola/Camões ao escritor angolano Pepetela, distinguido pela sua mais recente obra Sua Excelência, de Corpo Presente. O prémio foi lançado pelo Grupo DST, ao qual Santos Silva agradeceu, e distingue anualmente um autor nascido em Angola.

Além disso, o governante citou uma antologia de 16 textos escritos por autores de língua portuguesa e referiu a segunda edição da linha de apoio à tradução e edição de obras de língua portuguesa no estrangeiro. “Na primeira edição, em 2020, foram apoiados 152 projectos editoriais em 44 países”, disse Augusto Santos Silva. Este ano há candidaturas correspondentes a obras de 128 autores.

Múltiplos sotaques   

Numa mensagem de vídeo de dois minutos e meio, o Presidente da República realçou a importância do português como “forte elo de ligação entre povos e entre países da CPLP, por ser uma língua global, uma língua de vários continentes, com múltiplos sotaques e variantes, todos de igual valor”.

“Por que motivo sentimos um orgulho e um gosto tão especial quando falamos ou quando escrevemos sobre língua portuguesa? Os motivos são muitos e variados. Partilhamos a nossa língua com mais de 260 milhões de falantes, cidadãos dos vários países em que o português é língua oficial e é língua materna, usada todos os dias para escrever, falar, trabalhar, expressar dúvidas, emoções e anseios”, começa por afirmar o Chefe de Estado.

Marcelo disse ainda que “o português é uma língua propícia à expressão da solidariedade, da amizade, do amor, desde sempre, da troca de ideias, do debate”. É, por isso, “uma língua de acolhimento”, de “tempos bons e tempos maus”, que, no plano literário, é “rica e generosa”, tendo-se oferecido ao longo dos séculos a “criadores, poetas, romancistas, ensaístas, dramaturgos”.

Não é a primeira vez que o Dia Mundial da Língua Portuguesa, proclamado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, se comemora em formato presencial e digital. Este ano, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, “a programação inclui mais de 150 actividades em 44 países de todos os continentes, além da cerimónia oficial a partir de Lisboa”.

O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, estimando-se que, em 2050, esse número cresça para quase 400 milhões e, em 2100, para mais de 500 milhões, de acordo com as projecções das Nações Unidas.

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