Reino Unido vai dar uma terceira dose da vacina da covid-19 no Outono às pessoas mais vulneráveis

Lutar contra as novas variantes do coronavírus é o principal objectivo desta medida. Médicos e cientistas estão a avaliar qual a melhor forma de fazer esta campanha de reforço da imunização, diz secretário de Estado.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de visita a um centro de vacinação Reuters/POOL

O Reino Unido está a avaliar qual das vacinas contra a covid-19 será mais indicada para administrar uma dose de reforço no Outono para pessoas mais vulneráveis ou, como diz um artigo no jornal The Times nesta quarta-feira, para maiores de 50 anos.

O secretário de Estado responsável pela vacinação, Nadhim Zahawi, disse que nada está ainda decidido, mas confirmou que esta possibilidade está em cima da mesa. “Os médicos ainda não tomaram decisões sobre quando será necessário o reforço, se o objectivo será dar mais imunidade aos mais vulneráveis, aumentar a duração da protecção conferida pelas vacinas, ou fazer uma escolha mais adequada para lidar com as variantes”, disse Zahawi à televisão Sky News.

Mas a decisão deverá estar tomada em Setembro – altura em que deverão começar a ser aplicadas estas doses de reforço, disse o governante, citado pela BBC. O que não é certo é que serão administradas a toda a população acima dos 50 anos, ou apenas a alguns grupos populacionais, consoante os critérios apreciados pelos especialistas.

Nessa altura, em Portugal, disse o médico epidemiologista Henrique Barros, o número de casos de covid-19 em Portugal poderá ser “residual”, quando grande parte da população portuguesa tiver terminado a vacinação – sem que isso signifique que a doença esteja erradicada, frisou, em entrevista ao PÚBLICO. Nas suas contas, no entanto, não entrava a eventual necessidade de uma terceira dose de reforço ainda neste ano.

No entanto, o Reino Unido anunciou já em Abril ter comprado 60 milhões de doses adicionais da vacina da Pfizer-BioNtech em antecipação desta campanha de reforço da imunização, recorda o Financial Times. Zahawi disse, no entanto, que outras vacinas estão a ser consideradas, incluindo a da AstraZeneca, e outras que ainda não receberam autorização de uso mas que estão na fase final de desenvolvimento, como as da Novavax, Valneva e Curevac, adianta a Reuters.

O Governo de Boris Johnson assumiu também nesta quarta-feira como prioritária a investigação científica sobre as novas variantes do SARS-CoV-2, e foi anunciado um investimento de 30 milhões de libras (34,5 milhões de euros) nos laboratórios da Public Health England (equivalente à Direcção-Geral de Saúde) de Porton Down. Quando estiverem prontos, estes laboratórios renovados poderão processar 3000 amostras de sangue por semana, em busca de anticorpos gerados pelas vacinas, diz a Reuters – é um aumento para o dobro da sua capacidade.

A chamada variante britânica, B.1.1.7, identificada pela primeira vez em Kent, no ano passado, está neste momento espalhada por todo o mundo, e é a variante dominante em muitos países, incluindo Portugal. O Reino Unido é um dos países mais avançados na vigilância genómica das variantes em circulação.

Neste momento, o Reino Unido está a registar o mais baixo número de mortes devido à covid-19 desde Setembro de 2020: há 290 mortes na semana de 13 de Abril, o que é menos 112 do que na semana anterior, e o número mais baixo desde o fim do Verão passado, diz a BBC, citando números do Gabinete Nacional de Estatísticas.

Cerca de 34,6 milhões de britânicos já tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 e 15 milhões a segunda. Isto quer dizer que 30% de todos os adultos britânicos têm já algum grau de imunização, segundo números avançados pela BBC. Neste momento, estão a ser chamadas para a vacinação pessoas com mais de 40 anos. O Governo garante que todos os adultos terão acesso a uma primeira dose da vacina até ao fim do mês de Julho, com a segunda dose a ser administrada até 12 semanas depois.

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