BE visita sem-abrigo e centro do Porto em protesto contra “o pilar de papel” da cimeira europeia

Além do BE, também o PCP e a CGTP organizam iniciativas de protesto simbólico contra o encontro europeu.

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Catarina Martins estará presente no comício de encerramento LUSA/ANTÓNIO COTRIM

No próximo fim-de-semana, enquanto na Alfândega do Porto o primeiro-ministro e a restante comitiva da presidência portuguesa do Conselho de Ministros da União Europeia estiverem a discutir o reforço da dimensão social no processo de recuperação da crise, o Bloco de Esquerda fará uma visita guiada pelo caminho de gentrificação e pobreza no centro do Porto, conversará com cidadãos em condição de sem-abrigo e organizará sessões de cinema e conferências em protesto simbólico contra o encontro europeu. Também por estes dias o PCP fará uma “jornada nortenha” alternativa à cimeira social.

O programa da cimeira alternativa do Bloco de Esquerda foi apresentado esta terça-feira de manhã, no Porto, pelo candidato autárquico à cidade, Sérgio Aires, e conta com quatro conferências, um mini-documentário e um comício de encerramento.

Na apresentação do evento, o candidato criticou a cimeira da presidência portuguesa do Conselho de Ministros da União Europeia e explicou que a cimeira bloquista pretende debater opções alternativas à resposta que está a ser preparada para a conferência europeia. Para os bloquistas, essa resposta não passa de “um pilar de papel”.

“A organização desta contracimeira tem intenção de demonstrar a nossa insatisfação com aquilo que se prevê que sejam os resultados da Cimeira Social do Porto, nomeadamente no avanço dos direitos sociais”, afirmou Sérgio Aires.

A iniciativa bloquista arranca dia 6, com um roteiro ao final da tarde pelo centro histórico do Porto, que terá como guias o candidato Sérgio Aires, Mário Moutinho, Renato Soeiro e Rosa Teixeira. A meio da noite, a comitiva bloquista estará na Praça da Batalha a conversar com cidadãos em situação de sem-abrigo.

O segundo dia do protesto acontece no cinema Passos Manuel, com um comício contra a precariedade e pobreza. Nele estarão presentes a coordenadora do Bloco, Catarina Martins, o presidente do Partido da Esquerda Europeia, Heinz Bierbaum, o eurodeputado bloquista José Gusmão, o deputado e porta-voz do partido espanhol Podemos, Rafael Maioral, e Graciela Malgesini, presidente do Grupo de Trabalho Político da European Anti-Poverty Network.

O Bloco recordou que o Pilar Europeu dos Direitos Sociais foi formalizado há quatro anos, mas nunca foi posto em acção. “Talvez haja uma razão para o pilar nunca ter sido implementado desde 2017. Para ele ser implementado tem de haver uma mudança de paradigma daquilo que é a governação europeia, nomeadamente o Semestre Europeu o Pacto de Estabilidade e Crescimento porque esse que é foi o fracasso e que nos trouxe até aqui”, atirou, criticando a “falta de ambição”, nomeadamente na redução de pobreza.

O candidato ao Porto argumenta que não se pode pedir aos estados-membros que reforcem as medidas de resposta social sem depois permitir “absolutamente nenhum investimento social por causa do Pacto de Estabilidade e Crescimento”. Por isso, e uma vez que o Porto foi o palco escolhido pelo Governo português, o BE quer “demonstrar como é que os direitos sociais se concretizam ou não" na cidade, não só no centro histórico, mas também na “gentrificação aceleradíssima e a monocultura do turismo e da transformação da cidade numa cidade de negócio”.

BE não é o único com iniciativas

Além do BE, também o PCP anunciou uma jornada sobre emprego e direitos dos trabalhadores no Porto, à margem do encontro europeu. "O PCP considera que a realização da chamada Cimeira Social deve constituir um momento para afirmar a necessidade de romper com as políticas de intensificação da exploração e de agravamento das desigualdades sociais promovidas pela UE [União Europeia]”, defende o partido, numa nota enviada à imprensa na segunda-feira.

O PCP critica a “concentração e a centralização da riqueza” dos grupos económicos e financeiros “responsáveis por desigualdades sociais e assimetrias de desenvolvimento entre países” e que "têm promovido o ataque aos direitos laborais e a outros direitos sociais, procurando impor mais gravosos patamares de exploração, de precariedade, de degradação das condições de vida, de empobrecimento”.

Além dos dois partidos, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) também irá realizar a 8 de Maio uma “acção nacional de luta”.

Portugal exerce a presidência do Conselho da UE até 30 de Junho, passando o testemunho à Eslovénia.

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