Já foram identificados 22 casos de migrantes a necessitar de alojamento para cumprir quarentena

No concelho de Odemira já foram referenciados outros locais além do Zmar para alojamento de pessoas positivas ao SARS-CoV2 ou com resultados negativos e assintomáticos.

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LUSA/NUNO VEIGA

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, assumiu, na conferência de imprensa que deu na tarde desta terça-feira, depois de ter presidido à reunião do grupo de trabalho que acompanha a cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira/Almograve, que a prioridade “agora é a saúde pública”, pois o problema do alojamento dos migrantes não é algo que se resolva no imediato. Até ao final desta segunda-feira foram identificados 22 casos em situação de alojamento que justifica “sérias reservas” quanto às condições de salubridade, salientou.

O ministro estabeleceu os critérios que vão presidir ao alojamento das pessoas em situação de quarentena: os casos de pessoas positivas ao SARS-CoV2, que causa a doença covid-19, que não tenham condições na habitação que ocupam irão para a Pousada da Juventude de Odemira. As pessoas que estão negativas ou assintomáticas ficarão na residência de estudantes de Odemira. No empreendimento Zmar, “se tal se vier a revelar necessário”, poderão ser alojadas entre 90 a 120 pessoas que tenham dificuldades de permanência nos locais que actualmente ocupam.

O presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, garantiu que ninguém será transferido sem, previamente, fazer teste à covid-19, procedimento que terá início na tarde desta terça-feira.

Comentando as críticas que têm sido formuladas pelo bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, e pelo advogado dos proprietários de habitações no complexo turístico Zmar, Nuno Silva Vieira, que acusam o Governo de atentar contra os direitos humanos e de ausência de diálogo, vincou: “Estamos perante um complexo turístico que está em insolvência e licenciado como parque de campismo e em que o Estado é o maior credor.” É neste quadro, “de uma unidade que está encerrada”, que terá de estar “disponível, tal como estão outras unidades”, acrescentou o ministro, sublinhando que não ia “qualificar a natureza jurídica e o direito de uso do Estado” das instalações do Zmar.

O que importa é dar prioridade ao “direito à saúde e facultar aos trabalhadores imigrantes condições dignas de apoio na doença ou nas decisões profilácticas”, vincou Eduardo Cabrita, esclarecendo que o Governo “está ciente e acompanha os problemas que afectam a comunidade migrante em Odemira”.

No entanto, referiu: “Temos de separar as duas situações que são reais, mas que requerem tratamento autónomo.” Agora é a saúde dessas pessoas que “está em causa”. Quanto à habitação, “é um problema que não se resolve nem numa, nem em duas semanas”, observou.

Referindo-se às empresas com explorações no Perímetro de Rega do Mira, o ministro afirma que são importantes para a economia de Odemira e do país.

Falando do futuro imediato, o governante adiantou que a cerca sanitária “é para manter”. O seu tempo de duração “está dependente da evolução na redução dos casos positivos que tem evoluído positivamente” nas duas freguesias, sublinhou, reportando-se aos últimos números sobre a evolução da pandemia no Alentejo, região que não apresentou esta terça-feira um único caso em muitos meses. O autarca de Odemira admitiu esperar que a cerca sanitária possa terminar na próxima quinta-feira.

“Mas isto não acabou”, avisou Eduardo Cabrita. Já foram acertadas algumas reuniões em várias áreas (saúde, habitação, ambiente, economia  Segurança Social), mas, agora, sublinhou, a prioridade do Governo “é a saúde pública, sem pretender desvalorizar a importância dos imigrantes para a economia do país e de Odemira”. Esses trabalhadores devem ter “os mesmos direitos que os trabalhadores nacionais”, concluiu.

Já fizeram testes 11 mil pessoas em Odemira

Eduardo Cabrita fez ainda um balanço ao impacto da cerca sanitária na evolução da pandemia, salientando que “na freguesia de Longueira-Almograve não se registou nenhum novo caso desde o dia 29 de Abril (data em que foi imposta a cerca sanitária) e na de São Teotónio houve uma redução de 129 para 53 casos”. 

Reportando-se aos testes realizados no município, o ministro adiantou que, nos últimos dias, foram feitos “11 mil testes à covid no município”, que “completou ontem [segunda-feira] a vacinação de todos os cidadãos identificados com mais de 60 anos de idade, além da vacinação da comunidade educativa”. O governante  realça que Odemira será o “primeiro concelho (do país) a concluir a vacinação dos cidadãos com mais de 60 anos”.

No entanto, a informação veiculada pela Câmara de Odemira, na manhã desta terça-feira, refere que “foram administradas cerca de 9500 vacinas contra a covid-19 no concelho”, tendo a “quase totalidade da população com mais de 60 anos já recebido a primeira toma”. No período de uma semana, foram administradas “quase 6 mil vacinas, e 2035 cidadãos odemirenses já têm a segunda dose inoculada”.

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