Apoio a José Manuel Silva em Coimbra provoca convulsão no CDS

Distrital é a favor, mas concelhia é contra e quer apresentar candidato próprio.

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José Manuel Silva é candidato à Câmara de Coimbra Enric Vives-Rubio

Em Coimbra, a estrutura distrital e a concelhia do CDS não se entendem sobre o apoio ao ex-bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que foi já anunciado como o candidato à autarquia pelo PSD. Concelhia e distrital pareciam entender-se: tinham enviado um comunicado conjunto no dia em que os sociais-democratas lançaram o nome do médico. Neste domingo, a comissão política concelhia do CDS reuniu-se e decidiu que iria avançar um candidato próprio.

Para perceber esta mudança, é preciso recuar uma semana, explica o coordenador autárquico da concelhia de Coimbra do CDS, Nuno Vicente. Na quinta-feira, José Manuel Silva, PSD e CDS encontraram-se em casa do médico para firmar um documento de entendimento.

Acontece que o então presidente da concelhia do CDS, Américo Petim, não estava mandatado para assinar o acordo. Pelo contrário, garante Nuno Vicente: a decisão da concelhia, tomada dois dias antes, era não assinar. Os centristas não estavam satisfeitos com a distribuição de lugares para a vereação da câmara e assembleia municipal. “Mas estaríamos dispostos a negociar”, nota.

Américo Petim, de quem não foi possível obter declarações, terá assinado o acordo na passada quinta-feira e, nessa mesma noite, a própria comissão política, reunida de emergência, retirou-lhe a confiança. Deixou de ser presidente da concelhia, assumindo o cargo Lúcia Santos, primeira vice-presidente até então. Na noite de domingo, dia 2, a concelhia do CDS voltou a reunir-se e votou por unanimidade que apresentaria um candidato próprio.

Foi esta segunda movimentação que levou a distrital do partido, estrutura presidida por Jorge Almeida, a pronunciar-se publicamente a favor de José Manuel Silva. Ao PÚBLICO, Jorge Almeida diz-se “perplexo” com a tomada de posição da concelhia.

Sublinha que, em última análise, a palavra é da direcção nacional do CDS, da qual é vogal. “Há algumas convulsões internas na concelhia que não me compete comentar, mas registo com a devida apreensão”, afirma. Jorge Almeida considera que a concelhia está “a inverter o rumo” de um acordo que era nacional (entre CDS e PSD) e que “não há tempo para ziguezagues”.

“Temos uma cidade para ganhar”, diz assumindo que, coligado, o CDS “pode dar um contributo fulcral para ajudar a ganhar, mas sozinho perderá”. A distrital tem reunião marcada para a noite desta segunda-feira para “se pronunciar e tomar todas as decisões tidas por convenientes”.

Esta não é a primeira vez que há agitação em torno da candidatura de José Manuel Silva, que fundou o movimento Somos Coimbra em 2017 e por ele conseguiu eleger dois vereadores. Recentemente, também o PDR e o MPT se colocaram de parte, embora, no caso do MPT a situação seja dúbia: a direcção nacional do partido anunciou que se afastava do candidato, mas a estrutura local emitiu um comunicado a dizer que se mantinha ao lado do actual vereador.

A Câmara Municipal de Coimbra é presidida desde 2013 pelo socialista Manuel Machado, que já tinha passado pela autarquia nos anos 1990. O também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses já anunciou que iria concorrer ao terceiro e último mandato. 

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