Descubramos O Poço, nova canção filme dos Mancines
A banda de Toni Fortuna, Raquel Ralha, Pedro Renato e Gonçalo Rui, que junta no baptismo Henry Mancini e Ramones, continua a dar imagens às canções registadas no seu segundo álbum. O Poço, com Samuel Úria como letrista, revela-se agora.
Mancines, o nome, não tem grande coisa a esconder. Aí, a banda onde se reúnem nomes de destaque da música portuguesa das últimas três décadas, centro em Coimbra, diz logo ao que vem. Mancines, de Henry Mancini, o grande compositor americano de bandas sonoras (Pantera Cor de Rosa, Peter Gunn, Moon river); Mancines, para conferir sentido de grupo ao colectivo, qual gangue à Ramones (mas sem ganga e casacos de cabedal coçado). Toni Fortuna, Raquel Ralha, Pedro Renato e Gonçalo Rui, que vimos e vamos vendo, ao longo dos anos, em bandas tão distintas como os Belle Chase Hotel, M’as Foice, d3ö, Azembla’s Quartet, Wraygunn, Tédio Boys ou Twist Connection, entre outras (é pessoal que gosta de fazer e que gosta de inventar), formaram o quarteto em 2010. Em 2015, chegou a estreia, o ano passado o segundo álbum. Neste momento, continuamos a vê-lo e a descobri-lo em imagens reunidas ao som: revelamos aqui, em exclusivo, o vídeo de O Poço, novo single.
Em 2015 chegou então a estreia, Eden’s Inferno, filmes-canção pintados a negro, com o coração na música do cinema italiano das décadas de 1960 e 1970. O ano passado, foi a vez de II, banhado por outro tipo de luz (ainda nocturna, mas sem inferno à vista: entre o inquietante e o beatífico; entre o calor orgânico e o tempero electrónico; entre, falemos das versões, o Come tu mi vuoi, de Nino Rota, e um transfigurado Fado, dos Heróis do Mar). A banda que se inventou como colecção de bandas-sonoras para a vida do quotidiano, engrandecendo-o em canção, não pôde transportar essa fantasia para o palco (pandemia, pois claro), mas tem vindo a apresentá-la de outra forma: vídeos, pois claro.
Poço, primeira investida dos Mancines em português (o inglês é o predominante, mas também os ouvimos em francês ou italiano, ou seja, ouvimo-los na língua que a canção e a disposição pedir), chega com cortesia de Samuel Úria, autor da letra. Canção tensão, canção para film noir de protagonista atravessando a noite com os tormentos a toldarem-lhe os movimentos. Canção Mancines (dimensão orquestral dramática, faúlhas rock’n’roll, sentido pop clássico) a ganhar vida na animação que Toni Fortuna, o seu cantor, criou para a viagem.
Cá temos então os Mancines, um ano depois do segundo álbum, a continuar a mostrar-nos os filmes que lhes passam pelas canções. Próximo passo: país desconfinado, o regresso aos palcos. Dia 9 de Julho iremos vê-los no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, inseridos no ciclo A Date With Lux. Mais concertos se seguirão. O filme, perdão, a música, prossegue.