A grotesca guerra do consumo, segundo Toni Cafiero

Durante o próximo mês, o Teatro Joaquim Benite, em Almada, recebe Shitz, peça de Hanoch Levin que o encenador descreve como “uma tragicomédia musical”, agora que a comédia está do lado da realidade.

Foto
rui mateus

A realidade, acredita o encenador italiano Toni Cafiero, tornou impossível a vida da comédia. A comédia como género teatral explorado por Molière ou Goldoni, em que costumes e factos eram chocalhados e expostos ao ridículo, mas que o tempo condenou a uma existência disfarçada em cima dos palcos. “A comédia era um género que, à época, conseguia falar do que se passava”, comenta Cafiero, a dias de estrear no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada (de 30 de Abril a 30 de Maio), o seu olhar sobre Shitz, do israelita Hanoch Levin. “Era um tempo em que criticar o poder podia ter de se pagar com a prisão. O problema hoje em dia é que a realidade é muito mais cómica do que aquilo que se faz em teatro. Como é que se pode competir com Donald Trump?” E quem fala no antigo Presidente dos Estados Unidos, diz, fala também de uma certa dimensão cómica presente na actual pandemia. “A realidade é de tal forma paradoxal e absurda”, continua, “que se torna difícil para o teatro. Eu faço parte daqueles que pensam que hoje em dia a comédia não existe.”

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar