Ex-líder da distrital do Chega do Porto desfilia-se antecipando expulsão

Comissão de Ética do partido já suspendeu 35 militantes desde a entrada em vigor da chamada ‘lei da rolha’, que pune os militantes que insultarem outros membros do Chega.

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André Ventura no comício drive-in em Leça da Palmeira, a 18 de Janeiro, durante a campanha presidencial. LUSA/ESTELA SILVA

O caminho de José Lourenço no Chega estava marcado: além de uma suspensão provisória por 90 dias, a Comissão de Ética do partido decidira também, nesta segunda-feira, propor ao Conselho de Jurisdição a expulsão do ex-líder da distrital do Porto. José Lourenço resolveu antecipar-se e desfiliou-se. A notícia da sua saída do partido foi dada pela SIC nesta quarta-feira e confirmada ao PÚBLICO por fonte da direcção.

O processo aberto pela Comissão de Ética ficou a dever-se a insultos e ofensas de José Lourenço a elementos do partido, nomeadamente a outro líder distrital, o que é proibido pela directiva já apelidada de ‘lei da rolha’ que pretende impedir casos de ofensas entre militantes. Esses insultos foram gravados durante a organização da manifestação contra a ilegalização do partido que decorreu em Lisboa no dia 18 de deste mês, e o vídeo acabou por ser tornado público. Mas a proposta de expulsão deve-se a ameaças que terá feito no âmbito do mesmo caso, a quem divulgou esse vídeo.

José Lourenço, que foi o responsável pela organização do mega-comício drive-in que André Ventura fez em Janeiro, na campanha eleitoral das presidenciais, na praia de Leça da Palmeira, demitiu-se do cargo de líder da distrital no final de Janeiro. Alegou razões pessoais e profissionais quando comunicou à direcção nacional a sua decisão de sair, mas este passo foi também lido por muitos como uma consequência do fraco resultado de Ventura no distrito, onde teve a pior votação do país.

No entanto, José Lourenço chegou a estar no Brasil algum tempo por razões profissionais - a justificação que dera para deixar o cargo no Chega. Mas voltou a tempo de participar na manifestação de há semana e meia, publicando fotos das redes sociais e defendendo o partido.

Lourenço, que já foi militante do CDS e era amigo próximo de Nuno Melo, era tido, até há três meses, como um dos nomes fortes e próximos de André Ventura. Envolvido em negócios imobiliários e consultoria, foi o líder portuense quem apresentou ao presidente do Chega o empresário açoriano radicado nos Estados Unidos e ex-cônsul César do Paço - acerca do qual tem havido notícias sobre o seu financiamento ao Chega através de contas do CDS.

Para além de José Lourenço, desde que começou a aplicar processos disciplinares ao abrigo da nova directiva, no início do Outono, a Direcção Nacional (primeiro) e a Comissão de Ética (desde meados de Fevereiro) já aplicaram a penalização de suspensão provisória de militantes por 38 vezes, sendo alguns repetentes.

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