Anunciadas as seis escritoras finalistas para o Women’s Prize for Fiction

“A ficção das mulheres [escritoras] desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade,

Foto
Bernardine Evaristo, presidente do júri e vencedora do Prémio Booker em 2019 DAVID LEVENSON/GETTY IMAGES

Duas escritoras britânicas, duas norte-americanas, uma barbadiana e outra ganense-americana são as seis finalistas do Women's Prize for Fiction  anunciadas esta quarta-feira pela presidente do júri, a inglesa Bernardine Evaristo, vencedora do Prémio Booker em 2019.

Piranesi, o segundo romance da britânica Susanna Clarke, publicado 16 anos após o premiado Jonathan Strange e Mr. Norrell, com que conquistou o Prémio Hugo e o Prémio Revelação dos livreiros britânicos, em 2005, é um dos finalistas a prenderem desde já a atenção da crítica. Igualmente finalista dos prémios Costa e Hugo, o romance investe numa personagem de mistério, Piranesi (nome comum ao do arquitecto italiano do século XVIII), que obsessivamente anota toda a informação da casa labiríntica onde habita.

O tema dos gémeos continua presente na fase final desta edição do Women's Prize for Fiction, em dois dos seis romances candidatos ao prémio: The vanishing half, da norte-americana Brit Bennett, em que uma de duas irmãs idênticas, oriundas de uma comunidade negra, constrói uma nova identidade como pessoa branca, e Unsettled Ground, da britânica Claire Fuller, que segue dois gémeos de 51 anos, que ainda vivem com a mãe.

Dois romances de estreia passaram também à lista de finalistas: No One Is Talking About This, da norte-americana Patricia Lockwood, sobre o cruzamento entre as vidas real e online de uma mulher, e How the One-Armed Sister Sweeps Her House, de Cherie Jones, de Barbados, um conto de homicídio, abuso e violência.

A lista de finalistas encerra com Transcendent Kingdom, da ganense-americana Yaa Gyasi, que segue a descoberta da história familiar de uma mulher, depois de a dependência de opiáceos destruir a vida do seu irmão.

Pelo caminho ficaram a escritora transgénero norte-americana Torrey Peters, com o seu romance de estreia, Detransition, Baby, a consagrada autora escocesa Ali Smith, candidata com o último volume da tetralogia sobre as estações, Summer, e a comediante britânica Dawn French, com o seu livro Because of you, que lança um olhar sobre a maternidade.

As restantes autoras que não chegaram à fase final são as norte-americanas Raven Leilani, com Luster, e Avni Doshi, com Burnt Sugar, que foi finalista do Prémio Booker 2020, as irlandesas Naoise Dolan, com Exciting Times, e Kathleen McMahon, com Nothing But Blue Sky, e a britânica Clare Chambers, com Small Pleasures.

“A elaboração de uma lista longa de dezasseis livros foi relativamente fácil, em comparação com a selecção de seis romances, o que exige mais consenso”, disse Bernardine Evaristo, referindo-se à “lista longa” anunciada em Março, e da qual saíram agora as seis finalistas.

“Infelizmente, tivemos de perder livros excepcionais que adorámos. No entanto, com esta lista restrita, estamos entusiasmados por apresentar uma gloriosamente variada e tematicamente rica exploração da ficção feminina no seu melhor. Estes romances vão levar o leitor de uma Grã-Bretanha rural, esquecida, para o centro de uma comunidade em Barbados; do interior agitado dos meios de comunicação social para o interior de uma família assolada pelo vício e a opressão; de uma questão racial na América, para um labirinto mental de dimensões inauditas”, prosseguiu a autora de Rapariga, Mulher, Outra, com que ganhou o prémio Booker.

“A ficção das mulheres [escritoras] desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade, expressas através de histórias emocionantes. Sentimo-nos apaixonados por estes enredos, e esperamos que os leitores também fiquem”, concluiu Evaristo, no termo do anúncio das finalistas, feito esta quarta-feira ao final da tarde.

Do painel de jurados fazem ainda parte a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de televisão e rádio Vick Hope, a colunista Nesrine Malik e a apresentadora Sarah-Jane Mee.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao romance Hamnet, da irlandesa Maggie O'Farrell.

A vencedora, que receberá um prémio monetário no valor de 30 mil libras (perto de 33 mil euros), será anunciada a 7 de Julho.

Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women's Prize for Fiction foi criado em 1992 em Londres e tem por objectivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo.

Sugerir correcção
Comentar