Morreu Michael Collins, um dos primeiros a chegar perto da Lua e o “homem mais solitário do mundo”

Michael Collins era um dos três astronautas que faziam parte da missão Apolo 11, a primeira a chegar à Lua. É descrito como o astronauta “esquecido” dessa missão: ficou mais de 21 horas sozinho, enquanto os seus companheiros pisavam a superfície lunar.

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O astronauta norte-americano Michael Collins morreu esta quarta-feira, avançou a sua família e a NASA. Tinha 90 anos. Collins foi um dos primeiros três homens a chegar à Lua em 1969 – juntamente com Buzz Aldrin e Neil Armstrong –, mas era conhecido como o “homem mais solitário do mundo” por ter ficado a orbitar a Lua aos comandos da nave-mãe da missão espacial Apolo 11, enquanto os seus companheiros de viagem seguiram a bordo do módulo Eagle para pisar o solo lunar.

Michael Collins é muitas vezes descrito como o astronauta “esquecido” da histórica missão Apolo 11: ficou mais de 21 horas sozinho até ao regresso dos dois companheiros de viagem. Quando passava pelo lado oculto da Lua, perdia o contacto com os visitantes lunares e com o controlo em Terra, em Houston. “Desde Adão que nenhum humano conheceu tanta solidão quanto Mike Collins”, lia-se no relatório da missão, em referência à figura bíblica e aos minutos que Collins passava sem contacto, sem saber o destino dos outros dois tripulantes. Foi nesta missão que Neil Armstrong (que morreu em 2012) proferiu a frase de que se tratava de “um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”. Apesar da solidão de Collins, todo o projecto da ida à Lua envolveu mais de 400 mil pessoas

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Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin NASA FILE/HO HANDOUT

Collins nasceu em Roma, Itália, a 31 de Outubro de 1930 – o mesmo ano em que nasceram Aldrin e Armstrong. Era filho de um general norte-americano e frequentou a mesma escola militar que o pai, em Nova Iorque, onde se formou em 1952. Começou a sua carreira na Força Aérea norte-americana e, em 1963, foi escolhido pela NASA para o programa de astronautas, ainda embrionário na altura, que tinha como objectivo levar um humano à Lua até ao final da década de 1960, como acabou por acontecer. Estava-se em plena corrida espacial com a União Soviética, que foi a primeira nação a chegar à superfície lunar em 1959, com a sua missão não tripulada Luna 2.

O primeiro voo espacial de Michael Collins foi feito em Julho de 1966 enquanto piloto da missão Gemini X, que fazia parte do programa Apollo da NASA. Da segunda vez que voou para o espaço, fez-se história: seguia a bordo da missão Apollo 11. Ainda assim, o astronauta era reservado e tentava afastar-se dos holofotes, apesar de ter escrito vários livros sobre o espaço e de ter sido director até 1978 do Museu Nacional norte-americano do Ar e do Espaço.

“Onde quer que estejas ou venhas a estar, terás sempre a chama para nos carregar habilmente para novas alturas e para o futuro. Vamos ter saudades tuas”, escreveu no Twitter o único tripulante ainda vivo da missão, Buzz Aldrin. A expressão “Carrying the Fire” usada por Aldrin é também o nome da autobiografia de Mike Collins, publicada em 1974. “Estou sozinho, verdadeiramente sozinho, e absolutamente isolado de qualquer vida que se conheça”, escrevia Collins na biografia, recordando o que pensou quando perdeu o contacto com os companheiros na ida à Lua. 

“Lamentamos informar que o nosso amado pai e avô faleceu hoje, depois de uma valente luta contra o cancro. Passou os seus últimos dias em paz, com a família ao seu lado”, anunciou a família do astronauta em comunicado. “Sabemos o quão sortudo o Mike se sentia por ter vivido a vida que viveu.”

Também a NASA disse estar de luto pela “perda de um brilhante piloto e astronauta”. “Sendo o seu trabalho nos bastidores ou a céu aberto, o seu legado será sempre o de um líder que deu os primeiros passos da América em direcção ao cosmos”, lê-se numa nota publicada no site da NASA.

A sua memória mais marcante da missão Apollo 11, disse o próprio, foi quando olhou para a Terra e se apercebeu do seu aspecto “frágil”. “Acredito mesmo que, se os líderes políticos deste mundo pudessem olhar para o planeta a uma distância de 160 mil quilómetros, mudariam profundamente a sua visão. Perceberiam que essas fronteiras importantíssimas são invisíveis.”

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