Duas meninas enviaram cartas ao Pai Natal num balão. E um estranho, a mais de 1000km, concretizou os desejos

As gémeas Gianella e Luna têm 4 anos e, em Dezembro, incentivadas pela mãe, enviaram os seus pedidos ao Pai Natal recorrendo a balões.

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DR/The Washington Post/Cortesia Leticia Flores-Gonzalez

Doces, uma bola do Homem-Aranha, uma boneca da saga Frozen, um Meu Pequeno Pónei e um cachorrito… A lista de desejos de Natal de Luna, uma menina de 4 anos, a viver em Liberal, uma pequena cidade do estado norte-americano do Kansas, no condado de Seward, foi amarrada a um balão vermelho em forma de estrela e largado ao seu destino, assim como a carta da sua irmã gémea, Gianella.

É certo que o destinatário era o Pai Natal e a morada final provavelmente o Pólo Norte. Mas a missiva de Luna acabou por cair nas mãos de Alvin Bamburg, a mais de mil quilómetros de distância, enquanto o homem caçava na zona de Grand Cane, no estado do Luisiana. E, depois de algumas semanas a pensar no que fazer, decidiu pôr mãos à obra e encontrar a menina para concretizar os seus desejos — cão incluído.

Alvin Bamburg fez um apelo no Facebook e, em apenas 24 horas, graças às centenas de partilhas, a mensagem chegou à mãe das gémeas. Leticia Flores-Gonzalez, de 37 anos, explicou ao The Washington Post ter ficado estupefacta com a generosidade e com o facto de a mensagem ter chegado tão longe. “Tirei uma fotografia da carta delas porque nunca pensei que as voltássemos a ver”, disse, recordando que estava um dia “frio e muito ventoso”. “Não esperava que fosse para lá de Liberal.” A intenção, afinal, como confessou ao programa televisivo Good Morning America, não era ter resposta. Fê-lo por ser “algo diferente para as raparigas; uma memória que podiam guardar depois de um difícil 2020”.

Ainda assim, depois de ter recebido resposta, a mãe ficou dividida sobre o que fazer. “Senti-me mal. Não queria presentes. Não o fiz com esse fim”, observou. Até que a família a lembrou de ser algo único, que as meninas recordariam para o resto das suas vidas. E, depois de muitas conversas, a mãe foi convencida a contactar o homem que as procurava.

Para Alvin Bamburg tratava-se uma oportunidade de fazer alguém sorrir, algo que para este pai e avô “não só ajuda alguém, como nos faz sentir muito melhor”. “Eu e a minha mulher somos mesmo assim”, disse, entrevistado pelo Good Morning America. “Só conseguia pensar: tenho de arranjar um cão para estas duas miúdas.”

Claro que, no meio disto tudo, as meninas não faziam ideia do que estava a acontecer, julgando que os seus pedidos teriam ficado talvez perdidos. Até que, já esta Primavera, Alvin e a mulher Lee Ann puseram-se a caminho de Oklahoma City, que fica entre o Luisiana e o Kansas, levando com eles Max, um cãozinho a precisar de uma nova família. Mas não só! Com eles levaram ainda quatro ou cinco caixotes com presentes para as duas irmãs e para o resto da família. “Não queríamos deixar ninguém de fora.”

Chegados a Oklahoma e no primeiro momento em que se encontraram, as meninas pareceram receosas. Até Max e a sua oscilante cauda mudarem subitamente o estado de espírito das crianças. “Quebrou todas as barreiras”, recordou Alvin. “Não importava raça ou cor, passei a ser uma espécie de tio ou avô emprestado.”

Certo é que, relata o The Washington Post, os novos amigos planeiam voltar a encontrar-se já em Maio e a família Flores-Gonzalez está a programar uma incursão ao Luisiana ainda este ano.

“Há tanta depressão, tanta tristeza. Algumas pessoas estão a perder as suas famílias por causa desta pandemia”, lembrou Leticia. “Isto dá-nos esperança de que ainda há muitas pessoas maravilhosas neste mundo.”

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