Regulação polaca impõe nova coima de 13,2 milhões à Jerónimo Martins

Entidade que regula a concorrência na Polónia alega que os clientes “patrióticos” da Biedronka foram indevidamente informados que estavam a comprar algumas frutas e legumes produzidos localmente. Desde Agosto, coimas à JM Polska estão quase nos 200 milhões de euros

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Grupo Jerónimo Martins é liderado por Pedro Soares dos Santos Rui Gaudenco

O órgão de defesa do consumidor polaco (UOKiK) anunciou esta segunda-feira uma coima ao grupo Jerónimo Martins de “mais de 60 milhões de zlotys” (cerca de 13,2 milhões de euros ao câmbio actual) por alegadamente indicar informações incorrectas quanto à origem das suas frutas e legumes, nomeadamente como sendo cultivados na Polónia quando foram importados para aquele país.

Em causa estão produtos vendidos na cadeia de supermercados Biedronka, detida pelo grupo português Jerónimo Martins através da subsidiária Jeronimo Martins Polska.

A Jerónimo Martins irá recorrer da decisão, avança a Reuters, afirmando o grupo de distribuição ter “sérias reservas” sobre as provas recolhidas pelo regulador, acrescenta a agencia noticiosa.

Num comunicado, publicado no site da entidade polaca para a Concorrência e Protecção do Consumidor (um organismo directamente tutelado pelo executivo), a UOKiK disse que os consumidores que fizeram escolhas “patrióticas” tinham sido enganados, numa altura em que o governo de Varsóvia tem vindo a encorajar os cidadãos a comprar produtos polacos para apoiar a economia durante a crise do coronavírus.

A UOKiK iniciou um processo contra a Jeronimo Martins Polska em Maio, argumentando que os consumidores tinham sido enganados por produtos como cenouras produzidas na Bélgica e pepinos provenientes da Ucrânia rotulados como se tivessem sido cultivados em território polaco.

“Nas lojas Biedronka, os consumidores que queriam comprar batatas, tomates ou maçãs polacas são frequentemente enganados”, sustentou o presidente do UOKiK, Tomasz Chrostny, numa declaração citada pela Reuters. “Estas violações foram sistémicas e duradouras”, defendeu ainda.

Esta não é a primeira vez que a regulação do mercado polaco critica e aplica coimas à actuação da dona da rede Biedronka, líder no retalho alimentar na Polónia. A política de preços e a sua identificação foi alvo de uma outra investigação no final de 2019, que resultou numa coima de 25,15 milhões de euros (em Agosto de 2020). Em Dezembro passado, houve uma nova coima, de cerca de 160 milhões de euros (aplicada por imposição de descontos, que a regulação viu como abusivos, junto dos fornecedores polacos da cadeia alimentar), a que o grupo recorreu.

Ainda que estejam ser contestadas judicialmente, somando as coimas aplicadas pela Concorrência polaca desde Agosto até esta segunda-feira, o valor toca quase nos 200 milhões de euros.

Na Euronext Lisbon, os títulos da JM estão a perder 0,28%, nos 14,15 euros.

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