A longa e exuberante jornada de Logan Richardson

Um dos mais estimulantes discos do jazz norte-americano dos últimos anos não tem só a particularidade de sair das mãos de um rompedor que, tal como um senhor chamado Charlie Parker, nasceu em Kansas City e toca saxofone alto: num daqueles acasos divinos, Afrofuturism foi concebido e gravado na mesma casa onde um ainda imberbe Bird deu os primeiros toques no instrumento.

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Logan Richardson atende a vídeo-chamada do Ípsilon a partir de Nápoles. É apenas o último lugar de um longo percurso itinerante no qual o americano, nascido em 1980 em Kansas City, decidiu, por agora, assentar. Um trajecto que, na última década, tem passado pela Europa, algo invulgar para músicos de jazz americanos com o seu reconhecimento e projecção. Logan, mesmo se não tão mediaticamente comentado como Thundercat ou Kamasi Washington, é um dos mais exuberantes e virtuosos dessa geração e Afrofuturism o prodigioso último capítulo de uma investigação que, tendo o jazz e a música improvisada como ponto de partida, se ramifica em complexos e maravilhosos caminhos. É um interlocutor generoso, gosta de falar, alonga-se nas explicações e nos pormenores, mesmo que prometa, por várias vezes, dar “resposta concisa”. Mantém o sentido de humor mesmo em assuntos delicados. “I talk too much!”, diz afavavelmente, quase sempre de sorriso nos lábios, chapéu de abas e uma verdura entre os dedos. Duas safiras esverdeadas sobressaem no centro do seu rosto.

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