Covid-19: Infraestruturas de Portugal passa de lucro a prejuízo de 56 milhões

A crise de saúde pública empurrou os resultados da Infraestruturas de Portugal de lucros de 20 milhões de euros, para prejuízos de 56 milhões, em 2020, devido a menores rendimentos com portagens e com o serviço ferroviário.

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Sala do centro de controlo de tráfego ferroviário da IP, em Contumil Nelson Garrido

A Infraestruturas de Portugal (IP) registou prejuízos de 56 milhões de euros em 2020, devido à pandemia, após lucros de 20 milhões de euros no ano anterior, comunicou a empresa pública ao mercado na sexta-feira.

“O resultado líquido da IP fixou-se assim em -56 ME [milhões de euros] reflectindo, fundamentalmente, o impacto extraordinário, global e não previsível, da covid-19 e que contrasta com o resultado líquido positivo de 20 ME verificado no período homólogo de 2019”, pode ler-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A IP registou em 2020 um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 445 ME, uma redução de 25% face a 2019, de acordo com o documento.

“Esta evolução deveu-se principalmente à redução do rendimento com as principais receitas, designadamente Contribuição do Serviço Rodoviário (-118 ME), portagens (-56 ME) e Tarifa de Utilização da Infraestrutura Ferroviária (-8 ME)”, explica a IP.

Segundo a empresa, “o efeito da pandemia covid-19 sobre o nível de utilização da infraestrutura rodoferroviária sob gestão da IP durante ano de 2020 foi determinante para a queda daqueles rendimentos”.

Por outro lado, a IP destaca como positivo o facto de “ter assegurado integralmente a operacionalidade da sua rede, tendo aumentado, face a 2019, o nível de intervenções na infraestrutura”.

No comunicado, a IP refere que, em 2020, a despesa com as actividades de conservação das redes rodoviária e ferroviária ascendeu a 181 ME, mais 9% face a 2019.

Quanto à restante estrutura de gastos, “manteve-se o esforço de contenção e racionalização, o qual permitiu acomodar integralmente o incremento dos gastos directamente relacionados com o combate à covid-19”, continua.

Relativamente ao resultado financeiro, diz a IP, verificou-se uma redução de 8 ME, cujo principal contributo se deve ao aumento de 13 ME na componente dos juros afectos às subconcessões, “em virtude da conclusão do processo de renegociação dos contratos de subconcessão ocorrida em 2019, compensado por uma redução dos encargos financeiros associados à dívida sob gestão directa da IP em -6 ME”.

A empresa destaca ainda o crescimento do investimento, nomeadamente sobre o desenvolvimento do programa Ferrovia 2020, “que permitiu atingir os 200 ME de execução no ano, significando um crescimento de 49% face a 2019”.

No documento, a IP sublinha a “importância de que se revestiu a liquidez para os seus fornecedores com a eclosão da pandemia”, sublinhando que atingiu, em 2020, um prazo médio de pagamentos (PMP) de 14 dias.

Registou-se ainda uma redução do ‘stock’ da dívida financeira da IP em 235 ME, fixando-se este agregado no final de Dezembro em 4.785 ME.

“As amortizações realizadas respeitaram ao reembolso de 90 ME dos empréstimos contraídos junto do Banco Europeu de Investimento e a concretização da terceira operação de compensação, no valor de 145 ME, enquadrada pela Lei do Orçamento do Estado de 2020, que permitiu a regularização de créditos do Estado sobre a IP (serviço da dívida dos empréstimos concedidos pelo Estado à IP) por contrapartida da dívida do Estado para com a IP correspondente aos investimentos efectuados em infraestruturas ferroviárias de longa duração”, lê-se no documento.

A empresa pública que gere as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias do país realça ainda “a manutenção da política de financiamento prosseguida pelo accionista de capitalização da empresa através de operações de aumento de capital que, em 2020, ascenderam a 1.054 ME”.

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