Tendência inverte-se: PSD sobe e PS cai ligeiramente. Só 10% acredita viver em democracia “plena”

Estudo feito ICS/ISCTE para o Expresso e SIC abrange o período da decisão da Operação Marquês. A esquerda passa a fasquia dos 50% e a direita não alcança a dos 40%.

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PSD sobe, mas a direita não chega aos 40% das intenções de voto LUSA/TIAGO PETINGA

A primeira grande sondagem ICS/ICSTE para o Expresso e a SIC que abrange o dia da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa sobre a Operação Marquês dá o PS a descer dois pontos percentuais e o PSD a subir quatro pontos nas intenções de voto dos portugueses. O terceiro partido é o Bloco de Esquerda com 9%, que regressa à sua fasquia eleitoral. O mesmo estudo de opinião diz que só 10% dos portugueses acreditam viver em democracia “plena”.

A sondagem divulgada nesta sexta-feira pelo semanário Expresso revela que o PS, relativamente ao anterior estudo de opinião de Novembro de 2020, desce de 39% para 37% e o PSD sobe de 25% para 29%. Este estudo, que dá conta de que há 15% de indecisos, coloca o BE logo atrás dos dois maiores partidos com 9%, seguindo-se a CDU com 7% e o Chega com 6% das preferências dos inquiridos. PAN  2% e o CDS, Iniciativa Liberal e a Aliança recolhem apenas com 1%. 

O PS, que, até aqui, sozinho, valia mais do que a direita toda junta perde essa vantagem, mas por muito pouco: são 37% contra os 38% somados por PSD, Chega, CDS, IL e Aliança.

Os resultados deste estudo mostram que face às eleições legislativas de 2019 e apesar de perder um ponto percentual relativamente ao último estudo de opinião, o Chega regista uma subida expressiva no quadro dos novos partidos políticos, no seguimento dos 11% que André Ventura arrecadou nas eleições presidenciais de Janeiro, uma situação que já não se verifica em relação à IL que não consegue capitalizar os 3,2% que Tiago Mayan Gonçalves arrecadou, ficando três décimas abaixo dos votos que teve nas legislativas. Na mesma linha, está o PAN que desce dos 3,3% para 2%. Já o PCP sobre sete décimas face a 2019 e o Bloco sobe um ponto.

A sondagem avalia também a actuação recente dos políticos e para essa avaliação fixa uma escola que vai de 0 a 10. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é o que surge com melhor votação com 7,5. Apesar do ano difícil que o país viveu, devido à pandemia de covid-19, o primeiro-ministro também se sai bem, ficando em segundo lugar na escala com 6,2. Catarina Martins é a senhora que se segue com 4,3 e Jerónimo de Sousa fica-se nos 3,8. À direita, é Rui Rio quem lidera com 4,9 (mais 0,6 pontos relativamente ao anterior estudo) e André Ventura que consegue uma avaliação média globalmente negativa.

Democracia com falhas

Através desta sondagem ficamos a saber que 47 anos depois do 25 de Abril de 1974, os portugueses estão tranquilos quanto à natureza do regime, no entanto, há 40% que vêem grandes defeitos na nossa democracia e só 10% acreditam viver em democracia “plena”.

A amostra expressa que 36% dos inquiridos dizem que Portugal é uma democracia “com muitos defeitos” e 4% consideram que “Portugal nem é um regime democrático” e depois há 47% que lhe apontam “pequenos defeitos”. Tudo somado, excluindo a natureza do grau, o resultado é que 83% dos portugueses acham"a vida democrática defeituosa”.

Em termos de idades, quem melhor avalia a democracia portuguesa são aqueles que viveram ou têm memória do antes e do depois do 25 de Abril de 1974. Contas feitas, 62% dos que consideram a nossa democracia apenas levemente defeituosa estão entre os 45 e os 64 anos e 59% integram a geração dos filhos da faixa anterior, que já nasceram e cresceram em democracia. Menos optimistas mostram-se os que têm mais de 65 anos, destes apenas 55% louvam do estado do regime. Na faixa de idades entre os 25 e os 44 anos, há 52% que fazem avaliações positivas.

O trabalho de campo desta sondagem foi realizado entre os dias 5 e 14 de Abril, ou seja, incluindo já a sexta-feira em que o juiz Ivo Rosa proferiu a decisão instrutória da Operação Marquês. A sondagem abrangeu uma amostra representativa composta por 802 entrevistas válidas a pessoas maiores de 18 anos. A margem de erro é de cerca de 3,5%, com um nível de confiança de 95%.

Votar diferente

Uma outra sondagem feita pela Intercampus para o Jornal de Negócios e CM/CMTV revela que 55% dos inquiridos assumem que “não costumam votar no mesmo partido em que votam nas legislativas” e 44% revelam que mantêm o mesmo sentido de votos nestas eleições, que “têm uma dinâmica muito específica”.

Outra curiosidade é que 61% partilham que já sabem em que partido vão votar contra 38% que se mostram indecisos. Segundo a Intercampus, PSD e CDU são, tendencialmente, os partidos políticos mais fortes nestas eleições do que nas legislativas, independentemente dos factores locais e do perfil dos candidatos.

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