Produzir energia limpa é a nova “corrida à Lua” da cimeira do clima de Biden

A busca por tecnologias alternativas às dos combustíveis fósseis, que não libertem emissões com efeito de estufa, foi o tema do segundo dia da cimeira online convocada pelo Presidente dos EUA. Os desafios são ainda muitos.

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"Temos um imperativo moral para as próximas gerações", disse Joe Biden ANNA MONEYMAKER / EPA

John F. Kennedy lançou um desafio à América, chegar à Lua em menos de uma década. “A nova corrida à Lua é conseguir que o mundo inteira tenha um sistema eléctrico barato, baseado em energia limpa e no qual se possa depender sempre”, afirmou a secretária da Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, no segundo dia da cimeira online sobre as alterações climáticas promovida pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O foco neste segundo dia foram as soluções tecnológicas que estão a ser pensadas e os empreendedores que neste momento estão a trabalhar para conseguir o que Bill Gates disse ser necessário: “Precisamos de tecnologias mais baratas que as baseadas nos combustíveis fósseis, e neste momento nenhuma o é.”

Sem isso, não se consegue a transição para aquilo a que se chama uma economia verde, aliviada das emissões de dióxido de carbono (CO2) que aumentam o efeito de estufa da atmosfera e provocam as alterações climáticas. Mas há que deitar mãos à obra, e o segundo dia da cimeira de Biden mobilizou vários sectores do Governo norte-americano para trazerem à vista de todos, no YouTube, exemplos de investigação, nos EUA ou no estrangeiro, mas que podem ser úteis para a transição ecológica da economia norte-americana.

Limitar as emissões de CO2 para que a temperatura média do planeta não aumente mais de 1,5 graus em relação aos valores pré-industriais não será tarefa fácil. “Temos de investir na inovação e construir infra-estruturas para a transição para uma economia mais limpa”, avisou Bill Gates, e é para já. Além disso, que ninguém pense que pode trabalhar sozinho: Governos, empresas e filantropos têm de trabalhar juntos, “além de ser essencial a cooperação internacional”.

Fatih Birol, director executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), alertou contra o risco da retórica demasiado exaltada. Apesar de os líderes que participaram na cimeira – uma antecâmara da 26.ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas que se realiza em Glasgow, na Escócia, em Novembro – apresentarem metas ambiciosas (uns mais que outros) para a redução das emissões, a verdade é que estamos ainda a produzir demasiados gases com efeito de estufa.

“Neste momento, os dados não correspondem à retórica e o fosso entre eles está a ficar cada vez maior”, afirmou Birol. O relatório anual da IEA, divulgado na semana passada, previa um crescimento da procura do carvão em 4,5% este ano, por exemplo, para satisfazer a procura crescente por energia eléctrica. As emissões globais de CO2 relacionadas com a energia estão projectadas para uma retoma e um crescimento até 4,8%, devido à procura de combustíveis fósseis, lia-se no relatório.

“Não estamos a recuperar da crise da covid-19 de uma forma sustentada e continuamos a avançar para níveis perigosos de aquecimento global”, afirmou Birol.

Joe Biden, ao encerrar a cimeira, mostrou-se optimista. “Conseguiremos fazer o que é preciso. É um imperativo moral para as próximas gerações”, disse o Presidente dos EUA.

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