Cartas ao director

Aulas vs. ensino superior

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Aulas vs. ensino superior

A notícia de que várias instituições do ensino superior optaram por manter à distância a leccionação das aulas teóricas motivou o desagrado do senhor António Campos de Almeida [na carta intitulada “Aulas vs. ensino superior"], com base no argumento de que os professores tiveram prioridade na vacinação. Gostava de chamar a atenção para o equívoco do leitor, porque os docentes do ensino superior não foram abrangidos por essa medida, visto que o ministro da tutela considerou que corriam menos riscos do que os colegas dos outros níveis de ensino.

Além disso, há um outro motivo para que muitas instituições do ensino superior mantenham aulas à distância. Distintamente do que sucede nos outros níveis de ensino, no ensino superior, há um número razoável de alunos deslocados. A leccionação presencial, obrigá-los-ia a regressarem às regiões onde estudam e, nalguns casos, por pouco mais de um mês. Não tenho dúvidas de que as aulas presenciais, pelo contacto que permitem entre docentes e discentes, são preferíveis às aulas à distância. Mas julgo que, nesta situação, há factores que justificam a decisão tomada relativamente a disciplinas teóricas e que não reflectem apenas um eventual interesse das instituições ou dos docentes, que de um modo geral preferem o ensino presencial.

Leonor Santa Bárbara, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa​

​Resposta a António Cândido Miguéis

O leitor António Cândido Miguéis fez em carta ao director no dia 20.04.2021, afirmações caluniosas a meu respeito e de Carlos Antunes, que me acho na necessidade e dever de desmentir.

1. A organização que fundámos em 1970 de ataque à ditadura chamava-se Brigadas Revolucionárias (BR) e não Brigadas Vermelhas; 2. As BR cessaram as acções armadas no dia 25 de Abril de 1974 como foi público e publicado; 3. As BR não têm nada a ver com as FP 25, às quais se opuseram sempre sob forma pública e publicada; 4. As BR tiveram como princípio não praticar assassinatos; 5. As Brigadas Vermelhas foram uma organização que existiu em Itália nos anos 70 do século passado, com as quais nunca tivemos nada a ver.

Isabel do Carmo, Lisboa

Pôr o país nos carris

Algumas indicações recentes sugerem que está em vias de cessar o crime histórico de que tem sido, continuadamente, vítima o caminho-de-ferro em Portugal. Abstenho-me de colocar o estado agonizante da ferrovia em confronto com os desmandos inacreditáveis e impunes que se retratam na rede de auto-estradas existente. Olho, apenas, para o resto da Europa, incluindo Espanha. Vejo o papel que desempenha, em países pequenos como a Bélgica, a Holanda e a Suíça - que também têm auto-estradas -, o transporte ferroviário de passageiros. Já não falo nos grandes. O mesmo se passa nos países do Leste. Se, na Europa, alguém quer viajar de um ponto a outro sem levar automóvel, a escolha é óbvia - o comboio. Só neste desgraçado país é possível chegar a um ponto em que existe uma única ligação interurbana apenas decente - a de Lisboa ao Porto. Não tenho a certeza, mas creio que talvez na Grécia se encontre uma situação semelhante. 

António Monteiro Fernandes, Lisboa

Assembleia da República

Tenho um amigo, homem simples mas trabalhador cujo grande mérito foi saber educar seus filhos de modo a garantir-lhes estabilidade e responsabilidade na comunidade a que pertencem. Um dia, após ter visitado a Assembleia da República, confidenciou-me ter ficado emocionado com os olhos humedecidos por ter espreitado o hemiciclo em funcionamento. 

Apesar de ainda não haver deputados eleitos por círculos uninominais, este meu amigo deve ter experimentado o facto de ali estar representada a vontade do povo a que pertencia, pedra genuína e basilar da Nação e onde a dignidade e a verdade preenchem plenamente todo o espaço. Causa por isso alguma perplexidade e tristeza verificar, face ao que foi recentemente divulgado nos media, que alguns dos eleitos por esse povo que tanto emocionou o meu amigo, deram moradas falsas e assinaram presenças quando estavam ausentes com a clara e reprovável intenção de receber mais uns euros ao final do mês. 

José Manuel Pavão, Porto