As angústias de um casal em confinamento

Eu nunca vi um helicóptero explodir, encenação de Luísa Pinto com texto de Catarina Ferreira de Almeida e Joel Neto, retrata as angústias de um casal que escreve uma peça de teatro durante uma crise pandémica e conjugal. O espectáculo conta com a participação do radialista Fernando Alves e estreia-se esta quinta-feira, na Casa das Artes de Famalicão.

Numa casa de campo, numa ilha isolada, por natureza, do resto do mundo, um casal vive um confinamento duplo desencadeado pela crise sanitária de covid-19. Fechados entre quatro paredes, tendo a pandemia como pano de fundo, decidem escrever uma peça de teatro a quatro mãos, mas logo se apercebem da dificuldade em fazer frente a uma folha em branco e redigir a primeira linha. 

À medida que se batem com as tensões do processo criativo, têm de se confrontar simultaneamente com os desentendimentos da vida doméstica e conjugal, cujas fragilidades são expostas pelo tempo e amplificadas pelo isolamento. Paralelamente, o radialista Fernando Alves, da TSF, apresenta-se em palco, ao jeito das suas emblemáticas crónicas no programa “Outros Sinais”, para dar conta do andar do quotidiano e da pandemia e das consequências que vão surgindo na sociedade.

A realidade não é assim tão distante da ficção em Eu nunca vi um helicóptero explodir, a mais recente encenação de Luísa Pinto, directora artística da Narrativensaio, a partir de um texto de Joel Neto e Catarina Ferreira de Almeida. O espectáculo teve estreia nacional com récita única a 27 de Março, no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, nos Açores, ilha onde os dois autores residem e onde a peça foi idealizada e escrita. Agora, sobe ao palco no continente, mais precisamente na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão na quinta-feira e sexta-feira, às 20h15, e sábado, às 11h.

Esta é a segunda vez que Luísa Pinto leva a cena um texto de Joel Neto e Catarina Ferreira de Almeida, depois de A Vida do Campo (2019), espectáculo que partia do livro homónimo do escritor e jornalista, que lhe valeu nesse ano o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores (APE). Eu nunca vi um helicóptero explodir conta com António Durães e Filipa Guedes nos papéis principais e segue para Baião a 15 de Maio, regressando aos Açores, à Praia da Vitória, a 22 de Maio.