Rede móvel: “piores desempenhos” estão no Centro e Alentejo, diz Anacom

Meo e Nos registam piores resultados na Internet móvel que a Vodafone. Zonas predominantemente rurais são as mais penalizadas.

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Transferência de ficheiros nas áreas predominantemente rurais demora o dobro do que nas áreas urbanas Paulo Pimenta

Depois de vários meses de testes à qualidade das redes móveis, que cobriram 1547 quilómetros do território continental, a Anacom concluiu aquilo que já vinha sinalizando desde que iniciou a análise, em Maio de 2019: há grandes desigualdades de cobertura e qualidade de serviço nas zonas predominantemente rurais, onde há zonas sem nenhuma cobertura de rede.

Além disso, nos serviços de Internet suportados nas redes de terceira geração (UMTS) e quarta geração (LTE) são os operadores que têm mais clientes aqueles que registam piores resultados.

“Observam-se desempenhos diferenciados entre as tipologias de áreas urbanas, com piores desempenhos nas áreas predominantemente rurais, e entre os operadores, em particular os piores desempenhos da Meo e da Nos, em UMTS e em LTE”, revelou a entidade reguladora presidida por João Cadete de Matos, em comunicado, nesta terça-feira.

Já a Vodafone, “que na maioria dos indicadores analisados no estudo regista o melhor desempenho, apresenta um pior desempenho em GSM [segunda geração móvel]”, acrescentou a Anacom.

Com as 4791 chamadas de voz, 32.005 sessões de dados e 2.901.215 medições de sinal rádio realizadas entre meados de 2019 e final de 2020, de Norte a Sul, o regulador concluiu que a “cobertura rádio apresenta alguma variabilidade, observando-se níveis de sinal de ‘Muito Boa’ ou ‘Boa’ qualidade”.

Contudo, outros resultados estão em níveis “abaixo dos parâmetros adequados, em particular níveis significativos de cobertura rádio ‘Má’ ou ‘Inexistente’, nomeadamente em UMTS e LTE nas zonas predominantemente rurais”.

Olhando para o mapa, a Anacom diz que, de forma geral, é na Área Metropolitana de Lisboa (AML) que se identifica melhor cobertura e melhor qualidade dos serviços, seguindo-se Norte e Algarve. “No extremo oposto, com os piores desempenhos”, estão Centro e Alentejo.

Meo com piores resultados

A Anacom refere que “o serviço de voz apresenta bom desempenho global em todos os operadores”, mas, mais uma vez, nas áreas predominantemente rurais, “observa-se uma acentuada degradação do desempenho”, na capacidade de estabelecimento e de retenção de chamadas.

Quanto à Internet móvel e à transferência de ficheiros, “regista-se bom desempenho global, observando-se algumas diferenças entre os operadores e, de forma mais acentuada, entre as tipologias de áreas urbanas”, sumariza a Anacom.

“A capacidade de estabelecimento e retenção de sessões de transferência de ficheiros, em download e em upload, apresenta uma acentuada degradação nas áreas predominantemente rurais, sobretudo no operador Meo”, da Altice.

Também há uma “deterioração significativa da velocidade de transferência de ficheiros nas áreas predominantemente rurais, sendo os valores médios cerca de metade dos registados nas áreas predominantemente urbanas”, destaca a Anacom, acrescentando que para este indicador a performance é muito variável.

Registaram-se “valores máximos de 249,90 Mbps e 64,49 Mbps, respectivamente em download e upload, e mínimos inferiores a 0,013 Mbps, que dificultam ou impossibilitam a transmissão de dados em condições adequadas”, nota o regulador.

A navegação na Internet, o streaming de vídeos e a latência de transmissão de dados “apresentam desempenhos inferiores, face à transferência de ficheiros, observando-se também algumas diferenças entre operadores e tipologias de áreas urbanas”.

“De uma forma geral”, são a “Meo e as áreas predominantemente rurais” que “registam os piores desempenhos”.

A Anacom destaca ainda que as medições para este estudo de qualidade “foram efectuadas de forma sistemática, com procedimentos padronizados e sem intervenção ou decisão humana”. Também se realizaram em “igualdade de condições para os vários operadores, permitindo a análise objectiva e comparativa dos desempenhos”.

A entidade reguladora ressalva que “a leitura dos resultados deve atender à natureza dinâmica e à evolução permanente dos sistemas de comunicações móveis”.

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