Catarina Martins quer plano ferroviário acompanhado de instrumentos financeiros

Coordenadora bloquista avisa que a par da modernização e da reabertura de ligações ferroviárias, é necessário acabar com as viagens aéreas entre cidades que distam 600 quilómetros entre si para os passageiros optarem pelo comboio.

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LUSA/ESTELA SILVA

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defende a necessidade de se associarem instrumentos financeiros ao plano ferroviário nacional para se ter a certeza de que Portugal tem comboios. “Para além de apresentar o plano ferroviário nacional, é preciso que ao plano se associem instrumentos financeiros para termos a certeza de que existe e de que temos mesmo comboios em Portugal, que é aquilo que precisamos mais”, afirmou Catarina Martins, no Porto, nesta segunda-feira.

No âmbito de uma conferência conjunta com a porta-voz do Bloco Nacionalista Galego, Ana Pontón, na sequência das jornadas entre os dois partidos, a bloquista disse que em matéria de investimentos o que se verifica em Portugal é o crescimento da rodovia e a redução da ferrovia. “Olhamos com muita preocupação para o que o Governo está a preparar do ponto de vista dos investimentos no Programa de Recuperação e Resiliência porque, na verdade, quando olhamos para os vários instrumentos de investimento que existem, sem prejuízo de existirem nós rodoviários que têm de ser desenvolvidos, o que vemos é que, no fim de todo o investimento, a rodovia continua a crescer e a ferrovia continua a ficar para trás”, reforçou.

Para além da concessão do plano ferroviário, Catarina Martins mostrou-se preocupada com a forma como ele está a ser implementado. Porque, acrescentou, nos últimos anos em Portugal, ao mesmo tempo que se faziam promessas de um investimento de modernização, fechavam-se linhas com a desculpa de que estavam antiquadas e, depois, acabaram por não ser substituídas. “Pura e simplesmente, as pessoas perderam o comboio e isso aconteceu de Norte a Sul do país”, frisou.

Por esse motivo, Catarina Martins defendeu que o plano ferroviário tem, além das grandes ligações de modernização que possam fazer Portugal acompanhar o que foi feito no resto da Europa, de permitir que se acabe com viagens aéreas entre cidades que ficam a 600 quilómetros, substituindo-as por ferrovia. Isso implicava acabar, por exemplo, com as ligações regionais aéreas de Bragança para Lisboa, mas também entre Lisboa, Porto e Faro.

A isto, a bloquista acrescenta a necessidade de que o plano garanta a “capilaridade da rede”, ou seja, chegue a todo o território, a todos os distritos, e recupere muitas das redes que são “importantíssimas” para o desenvolvimento das populações e que foram encerradas. A líder bloquista recordou que Portugal é um dos países que menos mercadorias e passageiros transporta por ferrovia - cerca de 5%, algo que é preciso mudar. O país tem de alterar esta tendência e chegar aos 40%, até do ponto de vista climático, defendeu.

Por seu lado, o secretário de Estado das Infra-estruturas defendeu, também nesta segunda-feira, que o plano ferroviário deve ter em conta os serviços que a infra-estrutura vai prestar, lembrando que há quase 100 anos não se constrói uma linha em Portugal.

“O Plano Ferroviário Nacional [PFN] tem de ter em consideração a reflexão sobre os serviços para os quais queremos que a infra-estrutura seja utilizada [...]. Tem de estar ancorado nos serviços que queremos prestar [...] ao país e aos cidadãos”, afirmou Jorge Delgado, na sessão de lançamento do PFN. Lembrando que muito do investimento na ferrovia tem sido feito tendo por base os ciclos de investimento europeu, o governante reconheceu ainda que, há quase 100 anos, não se constroem linhas em Portugal e que muitas foram desactivadas.

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