Lisboa e Vale do Tejo é a única região com R(t) abaixo de 1. Incidência de novos casos está a aumentar

Direcção-Geral da Saúde e Instituto Ricardo Jorge apontam número de novos casos de infecção “com tendência estável a crescente a nível nacional”. Observa-se um aumento “paulatino” no valor do R(t), que se mantém em 1,05.

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Portugal pode atingir os 120 novos casos por 100 mil habitantes em dois meses Paulo Pimenta

Lisboa e Vale do Tejo é a única região de Portugal que regista um R(t) – índice de transmissibilidade do novo coronavírus – abaixo de 1 (com 0.96%), de acordo com o relatório de monitorização das linhas vermelhas para o desconfinamento, divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA). O número de novos casos de infecção por 100.000 habitantes, nos últimos 14 dias, foi de 70 novos casos, “com tendência estável a crescente a nível nacional”, conforme se lê no documento. Já o índice de transmissibilidade mantém-se, à semelhança do último balanço divulgado no sábado, em 1,05 a nível nacional.

Segundo os dados do INSA, tem-se observado um aumento “paulatino” do valor do R(t) desde meados de Fevereiro. Apesar disso, “ao nível nacional, observa-se uma redução do R(t), entre 8 e 11 de Abril, de 1,08 para 1,01, sugerindo um desacelerar do crescimento da incidência neste período de tempo”, refere o relatório. Além disso, foi verificado “um ligeiro aumento da transmissão nos grupos etários mais jovens”.

“A análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”, indica o documento. Contudo, tendo em conta o valor do R(t), o instituto deixa o alerta: a este ritmo, Portugal poderá atingir o limite de 120 casos por 100.000 mil habitantes, estabelecido pelo Governo para desconfinar, dentro de dois meses.

Por sua vez, observa-se uma alteração da tendência em duas regiões: Lisboa e Vale do Tejo reduziu o valor do R(t) de 1,02 para 0,96; e o Alentejo tem vindo a registar um aumento do valor da incidência, de 0,99 para 1,13, relativamente aos dados anteriormente divulgados. 

Estes indicadores – o R(t) e a taxa de incidência de novos casos de covid-19 – são os dois critérios definidos pelo Governo para o processo de desconfinamento, iniciado a 15 de Março, avançar em Portugal, que entra na terceira fase na segunda-feira na generalidade do território continental.

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro reconheceu que a taxa de incidência teve uma evolução negativa desde o início do desconfinamento e que se aproxima do “lado perigoso” da matriz. “O ritmo de transmissão, infelizmente, não tem tido uma boa evolução. Tínhamos um R(t) de 0,78 em 9 de Março e hoje [quinta-feira] estamos em 1,05. Estamos a dirigir-nos para o lado perigoso desta matriz”, afirmou António Costa em conferência de imprensa após reunião do Conselho de Ministros.

Variante do Reino Unido representa 82,9% dos casos 

No que diz respeito aos doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) a tendência é “ligeiramente decrescente e estável”. O número diário de pessoas hospitalizadas que precisam de ventilador “encontrando-se abaixo do valor crítico definido (245 camas ocupadas).”

Os dados divulgados pelo INSA indicam ainda que a taxa de positividade foi de 1,6% – também abaixo do objectivo de 4%. Além disso, “observou-se um aumento do número de testes para detecção de SARS-CoV-2 realizados nos últimos sete dias”.

Relativamente às variantes do vírus, a B.1.1.7 (associada ao Reino Unido) tem uma prevalência de 82,9% dos casos, durante o período entre os dias 28 de Fevereiro e 15 de Março, o que representa um total de 907 em 1094 casos. Segundo o INSA, a presença desta variante foi menos prevalente no Norte (71,4%), e mais elevada no Algarve (94%) e na Madeira (94,2%). Apesar disso, o instituto denota que “estas estimativas têm por base números absolutos reduzidos pelo que podem sofrer oscilações semanais.”

Foram ainda confirmados 54 casos da variante B.1.351 (associada à África do Sul), o que representa uma prevalência de 2,5%. Já da variante P.1 (associada a Manaus, Brasil) foram reportados 29 infecções, cuja prevalência estimada foi de 0,4%, indiciando a sua reduzida circulação no território nacional. 

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