Mais oportunidades de trabalho, menos exclusão social: a missão do programa Incorpora

Melhorar a qualidade de vida daqueles que estão numa situação de risco de exclusão de social ao integrá-los no mercado laboral é a missão do programa da Fundação “la Caixa”, que já soma conquistas em Portugal há três anos.

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A chegada de uma pandemia deixou tudo mais difícil, mais desafiante, mas também mais claro e em evidência. Sabemos que é utópico pensar numa sociedade perfeita, mas há direitos que todos temos, ou que por lei deveríamos ter. É o caso do direito ao trabalho: sim, todos temos direito ao trabalho e a novas oportunidades, que nos façam crescer como profissionais e como pessoas.

Seja para ter a estabilidade financeira com que sempre se sonhou, viver a vida em pleno equilíbrio e felicidade, sentir realização pessoal e profissional ao longo da carreira ou construir uma família. Ou isso tudo somado. É precisamente nos conceitos de justiça, igualdade e inclusão que está assente o Programa Incorpora, uma iniciativa social que surgiu em Espanha, em 2006, para ajudar pessoas inseridas em grupos de risco de exclusão social à integração no mercado laboral.

Programa Incorpora: uma vida, uma missão

Alargado a Portugal em 2018, o programa está em curso há mais de 10 anos em Espanha e até hoje conseguiu proporcionar mais de 300.000 empregos. É o resultado de uma aliança entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e as entidades responsáveis pelo emprego em cada país. “Um dos pilares nos quais assenta o Programa Incorpora é a convicção de que é através do trabalho que as pessoas conseguem não só recuperar e manter a sua dignidade como pessoas, mas também que é através do trabalho que podem concretizar os seus planos de vida em termos profissionais e materiais”, explicam os responsáveis do Programa Incorpora. “É fundamental que a pessoa sinta que participa num projecto colectivo – a empresa – e que isso lhe garanta um lugar activo na comunidade onde se insere.”​

A sociedade somos todos nós, sem excepções

Quem são afinal as pessoas que podem beneficiar desta iniciativa? Sim, porque estar à margem pode calhar a todos, e nunca se sabe o dia de amanhã. “Os beneficiários do Programa Incorpora são pessoas em situação de vulnerabilidade, ou seja, pessoas que pelo facto de serem portadores de algum tipo de deficiência, física ou cognitiva, ou por se encontrarem numa situação de fragilidade correm o risco ou estão numa situação de exclusão social”, explica fonte do Programa Incorpora.​

São estes indivíduos “pessoas desempregadas de longa duração ou com mais de 45 anos, pessoas vítimas de violência doméstica, ex-toxicodependentes ou ex-presidiários, pessoas com experiência de doença mental, imigrantes, refugiados ou pessoas sem-abrigo.”

O Incorpora acompanha estas pessoas antes e durante o processo de integração, identificando técnicos de inserção em cada local, que ajudam em todo o percurso, do momento em que há o match perfeito entre beneficiário e empresa, ao decurso da actividade profissional na mesma. “O beneficiário é acompanhado por um técnico de acompanhamento desde que começa a participar no programa até ao momento em que a sua integração numa determinada empresa cumpre um ano”, salientam os responsáveis.

A fazer a diferença em Portugal desde 2018

Em Portugal, o processo mantém-se igual a Espanha. “Cada empresa é acompanhada por um técnico de prospecção que levanta e partilha as ofertas de trabalho com os técnicos que acompanham os beneficiários. São estes técnicos, que conhecem bem e acompanham os beneficiários, que os propõem para uma determinada oferta, caso considerem que o beneficiário possui o perfil adequado e este aceite a recomendação feita”,  referem.​

“Abre-se um processo de selecção interno ao Incorpora em que o técnico de prospecção, que levantou a oferta entrevista dos candidatos que se apresentaram, selecciona aqueles que considera serem os mais adequados para serem propostos à empresa”, acrescentam. “O processo de selecção definitivo é dirigido pela empresa que selecciona a pessoa que irá preencher a vaga aberta.” Depois, é tudo mais simples.

É importante reforçar o papel desta iniciativa em plena pandemia, e crise económica e laboral

“A pandemia e o aumento do desemprego e de situações de grande vulnerabilidade que com ela se geraram, veio, efectivamente, reforçar a necessidade de alargar o programa Incorpora a todo o território continental português criando uma rede de 58 entidades sociais que prestam este serviço de integração sociolaboral de norte a sul do país”, esclarecem os responsáveis deste programa. Nesta rede incluem-se entidades como a Cáritas, a Cruz Vermelha ou a Cerci, presentes em distritos de norte a sul do país, que estão prontas a receber estas pessoas. É só fazer o match.