“É altura de pensar mais no futuro”, diz Marcelo

Presidente espera que esta seja a “última renovação” do estado de emergência e que 2021 seja “o ano do início da reconstrução social, sustentável e justa”. “Mais complicado que a economia é a situação das pessoas”, afirmou em declaração ao país.

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Marcelo espera que este seja o último estado de emergência LUSA/RUI OCHÔA/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLI

Na renovação de mais um estado de emergência, que espera que seja a última, o Presidente da República fez uma declaração ao país virada já para o day after do confinamento e centrada, sobretudo, em preocupações sociais. Mas antes de virar a página, pediu “ainda mais um esforço” para tornar o caminho irreversível e para que “o estado de emergência caminhe para o fim”.

“O desconfinamento deve seguir o seu curso, de forma gradual e sensata”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que deve avançar “com a segurança de que o calendário das restrições e até os confinamentos locais – se necessário – garantem um Verão e um Outono diferentes”. Uma porta aberta para que o Governo retome as diferenciações de medidas por concelhos, como aconteceu no Outono.

Mas adverte: “Quando o desconfinamento cria a sensação de alívio definitivo, o caminho que se segue ainda vai ser trabalhoso, muito trabalhoso”. A começar ainda pela pandemia, “sobretudo nas áreas em situação mais crítica, mas também na prudência exigida por todo o território”.

Depois, “vai dar trabalho nos números da economia”. Mas, avisa: “Mais complicado do que os números da economia, que demorarão uns tempos a apontarem para a reconstrução, é a situação das pessoas”. “O que ficou e fica nas suas cabeças e nas suas relações com os outros pesa muito”, considera o Presidente.

“A economia demorará a dar os passos da reconstrução. A sociedade demorará muito mais”, preconizou Marcelo, esperando que 2021 seja já “o ano do início da reconstrução social, sustentável e justa”. E “não basta que as pessoas devam ser o centro da justiça, do direito, das finanças, da economia, da política”, avisa: “Têm de sentir que, verdadeiramente, o são”. Depois do diferendo público sobre os apoios sociais aprovados pelo Parlamento, a mensagem política parece evidente.

Antes, já tinha elogiado a “coragem e solidariedade” dos portugueses, mas também o Governo, pelo facto de a vacinação já ter “protegido” os “mais vulneráveis dos mais vulneráveis”, apesar dos “problemas de fornecimento e avaliação de vacinas”.

Para o fim, Marcelo deixou uma comparação entre a situação actual e a de outros períodos da história, considerando que este é “o período mais difícil da nossa vida colectiva, desde a gripe espanhola, em termos de saúde pública, com mais mortes do que na Grande Guerra ou nas lutas africanas de há cinquenta anos”.

Mas já não basta enterrar os mortos e cuidar dos vivos: o Presidente quer também prevenção e reconstrução da “vida de todos”. “É altura de pensar mais no futuro”, defendeu.

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