Muito altas as probabilidades de ser de Caravaggio o quadro quase leiloado por 1500 euros

O relatório elaborado pelo Museu do Prado para o ministério da Cultura espanhol levou a que o quadro já tenha sido classificado como Bem de Interesse Nacional. Não sendo do mestre italiano, será “com certeza” de um dos seus seguidores mais próximos, conclui o relatório.

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A obra terá surgido no âmbito do coleccionismo dos vice-reis de Napóles do século XVII DR

São muito altas as probabilidades de o quadro que na semana passada o Estado espanhol ordenou que fosse retirado de um leilão da Casa Ansorena, em Madrid, seja mesmo de Caravaggio. Disso mesmo informou o Museu do Prado ao ministério da Cultura espanhol, noticia esta quarta-feira o El País. A partir deste momento, a obra está classificada como Bem de Interesse Nacional estando, por isso, impedida a sua saída do país.

Caberá agora à leiloeira informar as autoridades da identidade dos proprietários do quadro, de modo a que este possa ser visto e avaliado por técnicos especializados designados pelo Estado. O prazo de dez dias estabelecido para o fazer está a contar desde a passada segunda-feira. Atribuído pela leiloeira ao círculo do pintor José Ribera, La Coronación de Espinas tinha uma base de licitação de meros 1500 euros.

Segundo o relatório do Museu do Prado, publicado esta quarta-feira no boletim informativo da Administração Regional de Madrid, não era apenas a autoria do quadro que se encontrava errada, mas também a própria temática nele retratada: “A imagem parece corresponder iconograficamente, mais do que à coroação de espinhas, à expressão barroca do Ecce Homo, Ostentatio Christi ou Apresentação de Cristo ao povo por Pilatos narrada no Evangelho Segundo São João, um tema iconográfico paradigmático na expressão dos valores da Contra-Reforma, contexto histórico no qual se insere”.

O El País, que teve acesso à documentação elaborada pelo Museu do Prado durante a investigação da obra, adianta ainda que esta terá surgido no âmbito do "coleccionismo dos vice-reis de Nápoles do século XVII”. Acreditam os peritos que poderá ter pertencido à colecção do secretário da corte de Nápoles don Juan de Lezcano, tendo passado posteriormente para as mãos do vice-rei conde Castrillo, chegando então a Madrid.

Ainda que a autoria não esteja oficialmente atribuída — para o confirmar teremos que aguardar a visita dos técnicos especializados à residência dos actuais proprietários —, os especialistas não têm dúvidas que, não sendo de Caravaggio, a pintura, “de elevada qualidade”, será “com certeza” de um dos seus seguidores mais próximos. “Não existem dúvidas de que a pintura constitui um magnífico testemunho do primeiro naturalismo italiano, uma escola que exerceu uma grande influência em toda a arte europeia”, conclui o relatório.

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