Partidos defendem avanço no desconfinamento, embora com prudência

Renovação do estado de emergência é debatida na quarta-feira, no Parlamento, e terá o voto favorável de PS, PSD, CDS e PAN.

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Partidos querem que desconfinamento continue Paulo Pimenta

De acordo com o plano de desconfinamento previsto e com os dados recentes da evolução da pandemia e da vacinação, os partidos convergem na necessidade de se avançar para a próxima fase, embora alguns (como o PSD) admitam que é preciso manter as restrições nos concelhos de maior risco. Mais testagem e maior ritmo de vacinação foram outros dos conselhos deixados pelos responsáveis políticos depois da ronda de audiências (por videoconferência) com o Presidente da República.

Rui Rio, líder do PSD, foi o mais claro a pedir cautela no desconfinamento global do país ao assumir que os concelhos de maior risco na taxa de infecção (e os que estão à sua volta) deveriam travar o alívio das restrições. 

O líder social-democrata deixou ainda um aviso ao Governo: é preciso “fazer melhor esforço na testagem nas escolas”. “Se estamos a abrir o principal perigo, então que se façam os testes e o rastreio associado”, afirmou.

Também o CDS-PP deixou um alerta sobre o mesmo assunto. A porta-voz, Cecília Anacoreta Correia, defendeu um “reforço na testagem”, alargando-a também aos alunos nas escolas; um eficaz controlo fronteiriço por causa das novas estirpes; e um estímulo à maior confiança na vacinação.

Mais categóricos na necessidade de passar à fase seguinte foram o Chega e a Iniciativa Liberal. “O desconfinamento não pode parar”, defendeu André Ventura, argumentando com a situação económica do país em particular dos sectores “terrivelmente” afectados como a restauração, hotelaria e ginásios.

O deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, também não se mostrou preocupado com os números apresentados pelos especialistas na reunião do Infarmed, durante a manhã, mas enfatizou as dificuldades de muitos portugueses em cumprir o teletrabalho. O liberal quer pedir a apreciação parlamentar do diploma do Governo que torna obrigatório o teletrabalho (sempre que possível) até ao fim do ano.

Se Rui Rio admite que o Presidente da República será “o primeiro” a defender o fim do estado de emergência assim que for possível, a posição do PS também deixa transparecer que a vontade de acabar com este regime é de “todos”. José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto, declarou apoio à renovação deste regime por mais de 15 dias (terá também o voto favorável do PSD, CDS e PAN) embora admita que há outros “instrumentos” para garantir a intervenção do Estado no combate à pandemia.

O dirigente socialista elogiou o ritmo da vacinação, referindo que no final de Junho está previsto que a população com mais de 60 anos já tenha tomado uma dose, o que permite cumprir o objectivo de imunizar 70% dos portugueses no final de Setembro.

Nas bancadas mais à esquerda, o líder do PAN voltou a destoar ao manter a defesa do estado de emergência mesmo que seja dado o próximo passo no desconfinamento. Para André Silva, o alívio das restrições deve ser feito com “responsabilidade e gradualismo” para que a “economia volte a funcionar”.

A posição é oposta à que foi assumida pela coordenadora do BE. “Se é para desconfinar, o estado de emergência não deve continuar”, disse Catarina Martins. Sublinhando a importância da vacinação na redução do número de internados, a bloquista defendeu que Portugal deveria comprar vacinas de outras proveniências (tal como pretende o PCP) e deixou uma crítica à forma “irresponsável” como se tem gerido “os efeitos secundários das vacinas”.

Cada vez mais crítico do confinamento e do estado de emergência, o PCP endureceu o discurso contra as opções do Governo e da União Europeia no combate à pandemia de covid-19. O secretário-geral criticou as linhas vermelhas em que assenta o plano de desconfinamento do Governo: “A opção não pode ser confinar-desconfinar-voltar a confinar”. Jerónimo de Sousa defendeu ainda “medidas alternativas” ao desconfinamento, em concreto a testagem maciça, o rastreio eficaz dos novos casos e a “garantia de vacinação rápida para todos”.

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