Jerónimo critica Governo por resistir na atribuição de apoios

Com as críticas apontadas ao executivo socialista, o líder comunista referiu que o défice só não é prioridade “quando se trata de garantir os milhões para o Novo Banco” ou nas “cedências à EDP em borlas fiscais”.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, criticou este domingo o Governo por resistir a dar os apoios a quem teve de parar de trabalhar devido à pandemia, lamentando que a “grande prioridade” seja o défice e não as pessoas.

Num discurso que antecedeu a inauguração e visita às exposições “100 anos de luta no distrito de Lisboa” e “Artes Plásticas - 100 anos 100 artistas”, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, Jerónimo de Sousa apontou uma “profunda injustiça” na distribuição dos apoios no combate à pandemia, uma vez que “mais de dois terços” foram para as empresas, incluindo para as empresas dos grandes grupos económicos, “e menos de um terço para apoios sociais”.

“Esta semana vimos como o Governo persiste na discriminação dos trabalhadores independentes e das pequenas e médias empresas, apesar das quebras significativas que estas tiveram de facturação, resistindo a responder com os apoios necessários a quem foi obrigado a cessar a sua actividade, por decisão governamental, pondo à frente da resposta aos problemas das pessoas os critérios do défice, assumido como a grande prioridade”, criticou.

Com as críticas apontadas ao executivo socialista, o líder comunista referiu que o défice só não é prioridade “quando se trata de garantir os milhões para o Novo Banco” ou nas “cedências à EDP em borlas fiscais”.

Jerónimo de Sousa renovou as garantias da luta do partido “em múltiplas frentes e com os olhos postos nos problemas do povo e do país e nas soluções para lhe dar resposta”.

Entre os problemas estruturais e os problemas novos criados pela covid-19, o líder do PCP afirmou que a vida dos portugueses, “já antes complicada”, está “mais difícil, “sem que da parte do Governo se vejam as respostas necessárias” e que considera que “era possível tomar para dar resposta”.

“Não é por acaso que Portugal é dos países da União Europeia que menos meios colocaram na resposta ao impacto da epidemia”, lamentou. As duas exposições inauguradas estão inseridas no centenário do partido, 100 anos de PCP que Jerónimo de Sousa qualificou como “uma vida e uma luta feita de vitórias e derrotas, avanços e recuos e enfrentando inimigos terríveis”.

“Com aquela confiança que nos conduziu a Abril e o transformou em revolução, e que hoje, com a mesma confiança de sempre, nos preparamos para comemorar o seu 47.º aniversário por todo o país e aqui, em Lisboa, descendo a Avenida da Liberdade, reafirmando lado a lado com outros democratas e patriotas: “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais"”, afirmou.

Esta semana, a comissão promotora do desfile que assinala o 25 de Abril de 1974 referiu que está a realizar contactos com as autoridades para verificar se existem condições sanitárias para a celebração, devido à pandemia da covid-19.

A notícia foi avançada na terça-feira pelo jornal Diário de Notícias e confirmada à Lusa pelo coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, uma das entidades que constitui a comissão promotora do desfile, que em 2020 não se realizou por causa da pandemia.

No passado dia 22 de Março, Jerónimo de Sousa já tinha avançado que o partido iria participar “activamente nas manifestações” para comemorar o 25 de Abril, caso seja possível realizá-las com respeito pelas regras sanitárias.

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