Câmara de Coimbra não convenceu movimento sobre necessidade da terraplenagem junto ao Mondego

Câmara de Coimbra diz que vai criar corredor pedonal para ligar Portela ao Rebolim, mas presidente garante que vai reconstituir faixa ripícola.

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Depois de semanas a questionar a operação da Câmara Municipal de Coimbra, que terraplenou uma larga área na margem direita do rio Mondego, entre o Rebolim e a Portela, o movimento cívico Mondego Vivo decidiu, nesta segunda-feira, levar a contestação à porta da autarquia, onde estava a decorrer uma reunião do executivo. Em representação do movimento, André Pestana interveio na sessão e fez mais perguntas do que recebeu respostas. Mas ouviu o presidente da CMC, Manuel Machado, numa longa intervenção, garantir que ia assegurar os 30 metros de galeria ripícola que foram despidos de vegetação com a terraplenagem do terreno da margem do Mondego. <_o3a_p>

O protesto do Mondego Vivo começou na delegação de Coimbra da Agência Portuguesa do Ambiente, onde os membros entregaram uma carta a pedir informações sobre aquilo a que a autarquia chamou “limpeza de terrenos”. Já no salão nobre da CMC, com os manifestantes à porta do edifício, André Pestana quis obter explicações da autarquia sobre a falta de informação prestada ao público sobre o possível campo de golfe, a ausência de estudo que sustentasse a intervenção e detalhes da operação. <_o3a_p>

Manuel Machado voltou a falar sobre a necessidade de limpar o terreno, que estava cheio de lixo, diz, e espécies invasoras. “Eu sou dos que defende que este nosso rio Mondego tem três margens: tem a direita, tem a esquerda e tem a terceira margem, que é a da espiritualidade”, respondeu também Manuel Machado, dizendo que o objectivo da câmara é “tornar o rio aprazível, usufruível pelo cidadão”. Entre o Rebolim e a Portela, a autarquia quer tornar um circuito pedonal.  <_o3a_p>

Uma das possibilidades que fez soar alarmes foi a possibilidade de ali ser instalado um campo de golfe. Na última reunião de executivo, o vice-presidente da autarquia, Carlos Cidade confirmou que a hipótese era considerada e que havia contactos com a federação portuguesa da modalidade. No entanto, tal como já tinha dito, Manuel Machado disse desconhecer qualquer projecto, referindo que pediu aos serviços da câmara que reconstituíssem a documentação relativa a esse processo. Mas o autarca ressalvou que tem “fortes dúvidas que ali [entre a Portela e o Rebolim] tenha cabimento um campo de golfe”, lembrando que a zona é sensível por causa da zona de protecção da estação de captação de água da Boavista, que abastece a cidade de Coimbra. “Tenho enormes dúvidas, mas não sou dogmático”, declarou.  <_o3a_p>

À saída da câmara, André Pestana disse ao PÚBLICO que não tinha saído muito convencido, apesar de todas as intenções declaradas por Machado. “Achei que, mesmo em termos de gestão de recursos financeiros, é exagerado utilizar máquinas pesadas para arrasar 70 metros” de terreno, “se era só para retirar um pavilhão com amianto” e algumas árvores, considerou. Apesar de também haver ali espécies invasoras, André Pestana entende que “não era preciso retirar toda a biodiversidade”, principalmente “numa altura em que vai inviabilizar a nidificação de aves”.  <_o3a_p>

Questionado pelo morador sobre se foi pedido um estudo de impacto à APA, Manuel Machado, tal como já tinha dito antes, respondeu que “não era necessário”. Mas a necessidade de um estudo do género, acrescenta André Pestana, “não é do livre arbítrio do presidente da câmara”.  <_o3a_p>

O movimento tinha anunciado uma acção simbólica de plantação de árvores no terreno que a câmara terraplenou, para sexta-feira, dia 9 de Abril. No entanto, na quarta-feira, a autarquia anunciou a plantação de “centenas de árvores” entre a Portela e o Rebolim, entre elas freixos, salgueiros, amieiros e sobreiros. O Mondego Vivo manteve a sua acção de sexta-feira, plantou 42 árvores, acrescentou matéria orgânica às plantadas pela autarquia e os seus elementos foram identificados pela PSP.  <_o3a_p>

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