A corrupção nunca existiu

Há uma constatação óbvia, daninha e incontornável que se tem de tirar das conclusões de Ivo Rosa: se a sua soberana decisão for inatacável, jamais haverá em Portugal um único condenado por crimes de corrupção.

Em três das mais penosas horas da história da Justiça portuguesa, o juiz Ivo Rosa demoliu peça a peça anos de investigação, enterrou o trabalho árduo de vários magistrados e agentes judiciais e arrasou o processo judicial mais simbólico e importante em muitas gerações. Um trabalho assim tão extenso e meticuloso suscita diferentes e legítimas interpretações: que a Justiça funcionou; que a acusação do Ministério Público padeceu de inultrapassáveis debilidades; que as garantias do processo penal ou da Constituição justificam a decisão; que a intervenção de um juiz de instrução nesta fase do processo é valor ou um disparate. Porém, há uma outra constatação óbvia, daninha e incontornável que se tem de tirar das conclusões de Ivo Rosa: se a sua soberana decisão for inatacável, jamais haverá em Portugal um único condenado por crimes de corrupção.

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