O homem sem exames de consciência

O país bem pode mergulhar hoje num exame de consciência. Mas nem nisso Sócrates acha que as regras que valem para os outros devem valer para si.

Hoje, durante o dia, saberemos se o ex-primeiro-ministro José Sócrates será julgado pelos 31 crimes de quatro categorias (falsificação de documento, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e corrupção passiva de titular de cargo político) de que é acusado. E portanto, hoje durante o dia, quando os leitores souberem tudo aquilo que eu não sei ao escrever esta crónica, o país mergulhará num exame de consciência para saber “como é que isto é possível” (no qual se deve substituir “isto” pela incógnita a que hoje será dada resposta — como é possível um primeiro-ministro ter feito todas aquelas coisas ou como é possível uma investigação de sete anos sobre um ex-primeiro-ministro não resultar num julgamento), exame de consciência esse que perdurará enquanto o caso durar na memória coletiva e que não poupará nenhum dos pilares que sustentam uma comunidade politicamente organizada, do judiciário à política, da economia à imprensa.

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