Touk foi despedida do cabeleireiro e abriu um salão de beleza... para cães

As tesouras da cabeleireira Jeje Jouly Touk cortam agora pêlo e garras de cães num spa para estes animais, uma ocupação relativamente incomum para uma mulher da comunidade árabe de Israel.

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Reuters/ALI SAWAFTA

A ferramenta de trabalho não mudou — uma tesoura —, mas os clientes sim. A cabeleireira Jeje Jouly Touk trocou os os cabelos de humanos para os pêlos (e as garras) dos cães.

Quando as restrições aos cabeleireiros a deixaram desempregada, Touk voltou-se para os cuidados de higiene a animais de companhia, uma ocupação relativamente incomum para uma mulher da comunidade árabe de Israel. Os cães são considerados impuros por algumas pessoas no mundo árabe, mas as mentalidades estão a mudar e muitos têm-nos agora como animais de companhia.

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Com os cabeleireiros fechados durante a maior parte de 2020, Touk, 36 anos, abriu o spa para cães B-rex, alguns meses após o início da pandemia de covid-19, oferecendo serviços de higiene e corte de unhas, mas também máscaras, limpeza de ouvidos e tratamentos de pele. “Os cães são a minha paixão”, diz, no salão colorido numa histórica cidade costeira, conhecida como Akka em árabe e Akko em hebraico.

A minoria árabe de Israel, palestiniana por herança, israelita por cidadania, é maioritariamente descendente dos palestinianos que viveram sob o domínio otomano e, depois, sob o colonialismo britânico. Porque as suas famílias permaneceram dentro das fronteiras do que se tornou Israel, em 1948, a maioria fala tanto o hebraico como o árabe. Também por isso, o salão é visitado tanto por clientes judeus como árabes.

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“É uma excelente ideia e um negócio há muito necessário, aqui. As pessoas não sabem que os cães precisam de tratamentos de pele e pêlo, especialmente nas coisas que acham estar relacionadas apenas com beleza”, comenta Afifeh, voluntária de uma associação de protecção de animais de companhia. “Estamos orgulhosos por ter uma mulher jovem a trabalhar neste ramo”, acrescenta.

Para gerir o salão, Jeje Jouly Touk tem a ajuda do filho, que quer tornar-se veterinário. “Antes de dar ao cão o tratamento necessário, ela tenta primeiro criar uma ligação. É isto que me faz sempre voltar”, confessa Hamada Kleib, dono de Pablo, um dobermann.

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