As escadas do Monte dos Judeus rolam até ao cimo da encosta do Porto

Num “lugar histórico consolidado” da cidade do Porto, há escadas que rolam desde o rio ao cimo da encosta. É a estratégia arquitectónica dos novos percursos pedonais mecanizados, fruto da parceria dos Depa Architects com os Pita Architects, que veio facilitar a mobilidade dos habitantes, casando o contemporâneo com a memória.

José Campos
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José Campos

Ligar a parte alta da cidade do Porto, onde a circulação está historicamente consolidada, ao rio era o grande objectivo do projecto arquitectónico das escadas do Monte dos Judeus, realizado pelos Depa Architects em parceria com os Pablo Pita Architects. Na génese da obra está um concurso lançado pela Câmara do Porto, em 2017, para o desenvolvimento de um circuito de percursos pedonais mecanizados.

Assumindo “uma construção contemporânea” que agarra “esta expressão mais pétrea” do centro histórico do PortoPablo Rebelo, dos Pablo Pita Architects, conta que um dos pontos-chave da intervenção era que esta “assegurasse uma continuidade e não uma ruptura. Estruturadas a partir de um grande muro de pedra, que divide a nova escadaria mecanizada em três secções não axiais, as escadas rolantes foram feitas com “betão bujardado”, dialogando com o granito – “grande elemento histórico da cidade.” 

João Crisóstomo, dos Depa Architects, denota que o maior cuidado da equipa foi “tentar integrar os elementos o máximo possível na paisagem do centro histórico”, fazendo com que encaixassem “de forma natural." As escadas estão em simbiose com a identidade da cidade. Casando o antigo com a novidade vão-se “repartindo” e “encontrando posições diferentes”, assemelhando-se, como conta o arquitecto, a “pecinhas de puzzle” que se conseguiram inserir ao longo do percurso. 

O projecto, fotografado por José Campos, denota a união da paisagem pré-existente com os materiais contemporâneos, bem como a conservação da escadaria original, agora ornamentada por pequenos espaços com jardins ao longo da subida. “É engraçado ver como esta obra ao início teve alguma resistência e agora ouvimos as pessoas dizer que as escadas são realmente úteis”, aponta Pablo Rebelo acerca do feedback dos habitantes de Miragaia, acrescentando que as escadas rolantes ajudam também a “população do Porto” que faz o percurso do rio ao cimo da cidade, ou vice-versa, bem como os turistas que são atraídos para o local.

Depois desta primeira fase de “três etapas distintas de intervenção”, como revela Pablo Rebelo, aguardam-se a segunda, que “será o elevador no palácio de Cristal”, e a terceira, referente às “escadas nas Virtudes”. O arquitecto ressalva que todas elas estão “interligadas”, uma vez que se encontram “relativamente próximas.”

Em Miragaia, as escadas rolam desde 2020, “num lugar histórico consolidado” que, como diz João Crisóstomo, apesar da reacção inicial de receio, por se tratar de um lugar "com memória", no final conseguiu um resultado positivo. Os habitantes, outrora cépticos, foram “surpreendidos.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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