Chegou o dia de ser vacinado: seis recomendações para tornar o processo mais rápido e eficiente

O processo de vacinação contra a covid-19 não é muito diferente do que já acontece com outras vacinas. Entre arregaçar a manga e esperar alguns minutos no recobro, só muda o tamanho com que a operação se está a desencadear. E existem algumas estratégias para a tornar mais rápida e eficiente.

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Usar roupa adequada que permita um fácil acesso ao braço facilita o trabalho dos profissionais de saúde Paulo Pimenta

O momento em que se recebe uma mensagem ou chamada telefónica para proceder ao agendamento da vacinação contra a covid-19 é esperado por muitos e, até esta quarta-feira, mais de 13% da população portuguesa já o viveu. Depois de quase um ano em quarentena, as vacinas trouxeram consigo a esperança de que esta “nova realidade” se tornasse obsoleta e de que, mais cedo ou mais tarde, se pudesse voltar à tão desejada vida normal.

No início de Abril, o coordenador da task force responsável pela vacinação, Henrique Gouveia e Melo, reforçou, em entrevista ao PÚBLICO, o objectivo de alcançar a imunidade de grupo até ao final do Verão, se todas as vacinas encomendadas chegassem ao país e permitissem acelerar o ritmo da vacinação. Para tornar o processo mais rápido e eficiente, eis algumas dicas de como se preparar e do que fazer depois de ser inoculado.

Apostar em roupa conveniente à vacinação

Com a vacina a ser administrada no músculo do deltóide, na parte superior do braço, é importante que essa área seja acessível à pessoa que está a realizar a inoculação. Na experiência de Ângela Magalhães, enfermeira no ACeS Porto Ocidental, os utentes têm chegado ao centro de vacinação com esta dica em mente, mas ainda “há alguns idosos que trazem muitas camadas de roupa”, o que acaba por atrasar o processo. 

Desta forma, deve-se apostar em “vestuário prático”, de fácil remoção ou que deixe a região superior do braço acessível, como camisas com botões, camisolas de mangas largas e também de manga curta.

Levar o Cartão de Cidadão ou número de utente

O único documento que é preciso levar para um centro de vacinação é o Cartão de Cidadão. Não é preciso dinheiro, visto que o processo de inoculação contra a covid-19 é grátis em Portugal, nem Boletim de Vacinação, já que, “agora, está tudo no sistema informático”, aponta Ângela Magalhães. “Não é preciso andar com o boletim atrás, nem para a vacina do covid-19, nem para as outras. Algumas pessoas ainda trazem, mas é só porque querem o carimbo ou viajam muito”, justifica.

No entanto, quem ainda possui o antigo Bilhete de Identidade deve levar consigo o seu número de utente do Serviço Nacional de Saúde. 

Conhecer possíveis alergias e doenças que afectem a vacinação

A primeira etapa no processo de vacinação contra a covid-19 é o preenchimento de um questionário, fornecido pela equipa médica presente no local. Nele, as pessoas prestes a ser inoculadas devem responder se possuem alguma contra-indicação à vacina, como alergias a alguns dos seus componentes ou a outras vacinas já administradas, bem como se têm uma doença crónica, se tomam anticoagulantes, sofreram de um transplante recentemente ou estão a fazer quimioterapia ou radioterapia.

Se um destes casos for identificado, Ângela Magalhães explica que “o médico que está de serviço vai avaliar a situação e decidir se a pessoa deve tomar a vacina ali ou em contexto hospitalar, onde estão mais preparados para lidarem com este tipo de situações”.

Manter a vigilância

Após o período de 30 minutos no recobro, é importante continuar vigilante a qualquer tipo de sintoma “fora do normal”. Ângela Magalhães explica que é natural as pessoas sentirem febre ou dores musculares — sintomas normalmente associados à covid-19 — depois de serem vacinadas, mas só se deve “aplicar gelo ou tomar paracetamol” se a situação for intolerável, “até porque o ideal é não interferir com o processo”.

Caso as dores, febre e outras reacções à vacina continuem a agravar-se, é importante ligar para o SNS24 (o número de telefone é o 808 24 24 24), contactar o médico de família ou, até mesmo, ir às urgências — uma situação que “ainda não se registou”, salvaguarda a enfermeira.

Não fazer esforços após a inoculação

Manter um quotidiano normal depois da vacinação é essencial, mas também é importante não fazer esforços com o braço que acabou de ser inoculado — “daí a vacinação ser feita no braço não dominante”, indica Ângela Magalhães. Segundo a enfermeira, “não existem indicações de actividades que não se possam realizar após a vacinação, mas é normal sentir-se algum de desconforto no braço, que possa impedir, por exemplo, dormir para esse lado à noite”.

Continuar com as precauções e restrições sanitárias

A regra de ouro é continuar com todas as medidas preconizadas para a protecção e contenção da transmissão, o que inclui o uso de máscara e distanciamento físico. Mesmo com as duas doses da vacina, é preciso um período de, pelo menos, sete dias para que um vacinado se possa considerar protegido da doença, pois só aí existe a garantia de uma “resposta robusta por parte do sistema imunitário”, como se lê no site da Direcção-Geral de Saúde.

Para além disso, a vacina não impede infecções, mas, simplesmente, diminui “a probabilidade de uma pessoa ter casos mais graves que a façam entrar em unidades de internamento”, de acordo com Ângela Magalhães, o que faz com que o vacinado continue a ser portador do vírus e possa infectar outros. Ainda assim, existem indícios de que as vacinas de ARN-mensageiro (como são as da Pfizer e da Moderna) possam travar o ciclo de transmissão do vírus entre pessoas, bloqueando o vírus e reduzindo a carga viral.


Texto editado por Bárbara Wong

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