Redes de emalhar não dão tréguas aos surfistas da praia da Barra

A situação é recorrente e tem vindo a motivar a intervenção da Polícia Marítima de Aveiro. Praticantes de surf e kitesurf temem a ocorrência de um acidente grave.

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O grito de alerta é partilhado por vários praticantes de surf e kitesurf da praia da Barra, em Ílhavo. Volta e meia, são surpreendidos com a existência de redes de emalhar na zona de praia e com todos os perigos que elas representam. O mais grave de todos, garantem, são as âncoras que sustentam as redes, pousadas em zonas onde há pé. Com o perigo à espreita, numa praia que também é usada pelas escolas de surf, pedem a intervenção das autoridades competentes. Segundo o comandante da Capitania do Porto de Aveiro, Humberto Rocha, a Polícia Marítima tem estado atenta, contabilizando já várias fiscalizações.

Diogo Moreira é um dos praticantes de kitesurf que consegue falar sobre o perigo destas redes na primeira pessoa. Já por várias vezes ficou com a prancha presa, algumas delas “na zona da rebentação, o que torna muito mais difícil libertar a prancha”, relata. Também conhece relatos de vários bodyboarders e surfistas que viveram situações de risco, sendo que o maior de todos, no seu entender, prende-se com a existência de escolas de surf naquela zona. “Um dia destes pode acontecer um acidente grave”, adverte, notando que o problema reside no facto de os pescadores não colocarem as redes na área prevista na lei: para fora de 1/4 de milha de distância à linha da costa.  

Mais do que as redes, o que preocupa Fernando Jorge Paiva, professor de surf, são as âncoras às quais elas estão agarradas. “Já evitei várias situações complicadas”, testemunha, alertando para o perigo que correm os alunos das escolas de surf, e frequentadores da praia em geral, quando correm para a água ou mergulham. “Não temos nada contra os pescadores, mas se eles cumprissem o que está na lei não tínhamos este perigo constante”, argumenta o também mentor do movimento cívico ambientalista Não Lixes, lembrando que esta situação não afecta apenas os surfistas. “Os dias já estão a aquecer e as pessoas começam a ir fazer praia”, nota.

Apesar de não ter registo de nenhuma queixa ou de qualquer incidente nos últimos dias, o comandante da Capitania do Porto de Aveiro reconhece que a situação é recorrente. “Ainda em Janeiro, procedemos à apreensão de redes que estavam colocadas fora da área permitida”, revela, admitindo que quando os infractores não são surpreendidos em flagrante torna-se difícil identificar os proprietários das redes. Perante a impossibilidade de ter agentes da Polícia Marítima em permanência naquela praia, Humberto Rocha admite aproveitar “o canal de comunicação” com a principal associação de pescadores da região para reforçar a sensibilização.

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