Rebeldes maoístas matam 23 membros das forças de segurança indianas

Os serviços de segurança do país registaram um maior recrutamento dos rebeldes maoístas durante a pandemia, depois da tendência de diminuição dos ataques nos últimos anos.

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Soldados indianos procuram pistas dos rebeldes maoístas depois do tiroteio no estado de Chattisgarh Sanat Kumar Singh / LUSA

Pelo menos 23 membros das forças de segurança indianas foram mortos e cerca de 31 ficaram feridos numa emboscada feita pelos rebeldes maoístas, grupo armado de extrema-esquerda, segundo a polícia indiana. Depois da diminuição da actividade dos rebeldes nos últimos anos, a pandemia viu aumentar o espaço de recrutamento e a preocupação pelo ressurgimento dos ataques.

As forças de segurança realizavam uma operação para desmantelar uma base rebelde na região de Bastarde, no estado central de Chhattisgarh, quando foram emboscadas numa densa área florestal densa, resultando numa troca de tiros que durou quatro horas.

Segundo Avinash Mishra, vice-director da polícia em Bijapur, os rebeldes também sofreram várias baixas.

“O sangue [derramado] dos nossos soldados, em defesa da nossa nação, não será em vão”, disse Amit Shah, ministro dos Assuntos Internos indiano. As autoridades vão continuar as suas buscas, até porque um membro das forças de segurança está desaparecido.

“A operação será intensificada”, disse Om Prakash Pal, vice-inspector geral da polícia que está a coordenar a equipa. Os rebeldes “estão definitivamente a tentar fortalecer-se, mas as forças [de segurança] fazem muita pressão. Agora são poucos. Na sua área principal estão a diminuir muito rapidamente”, disse à Reuters Prakash Pal.

Dizem as autoridades que têm vindo a conseguir reduzir a área de actuação dos rebeldes, pela acção militar e pelos investimentos económicos nas áreas onde os rebeldes recrutam os seus homens.

A guerrilha naxalita ou maoísta

O confronto com a guerrilha maoísta persiste há décadas e já fez mais de dois mil mortos. Os maoístas combatem o Estado e a estrutura de classes na Índia e têm a sua base de apoio sobretudo nas regiões tribais.

A guerrilha, também conhecida por naxalita, por ter começado nos anos 1960 em Naxalbari, no estado de Bengala Ocidental, junto ao Bangladesh e ao Butão, afirma lutar pelos direitos dos camponeses mais pobres e das populações tribais, indefesas contra as expropriações das suas terras e contra a falta de protecção do Governo após o grande crescimento económico do país.

O seu alcance chegou a ser tão abrangente e os seus ataques tão frequentes que, em 2006, o então primeiro-ministro, Manmohan Singh declarou que a guerrilha era o “único grande desafio da segurança interna” do país. Actualmente, os ataques dos militantes ainda são comuns em vários estados, nomeadamente Maharastra, Odisga e Chhattisgarh, onde o grupo ainda tem alguma presença.

A agência governamental Ordnance Factory Board, responsável pela indústria militar indiana, que monitoriza os rebeldes maoístas há mais de uma década, diz que a pandemia permitiu o recrutamento de mais membros.

“Temos relatórios de serviços secretos que revelam que os líderes maoístas conseguiram recrutar centenas de novos soldados durante a pandemia, incluindo mulheres, que vivem nas florestas e transmitem detalhes das patrulhas das forças de segurança”, disse à Reuters um funcionário da segurança interna do país, em Nova Deli.

Antes do ataque de domingo, 56 pessoas tinham morrido no último ano por causa da violência maoísta, entre rebeldes, forças de segurança e civis, segundo os dados do portal  South Asia Terrorism .

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