Harvey Weinstein interpõe recurso, alegando que não teve um julgamento justo

Num documento de 166 páginas, os advogados do produtor, condenado a 23 anos de prisão por crimes sexuais, alegam que Weinstein foi vítima de uma campanha dos media e censuram a conduta do juiz.

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Lucas Jackson/Reuters

Os advogados do produtor de cinema Harvey Weinstein, condenado em Março de 2020 a uma pena de prisão de 23 anos por crimes sexuais, interpuseram esta segunda-feira um recurso no tribunal de apelação de Nova Iorque, alegando que o seu cliente fora privado do direito a um julgamento justo.

Ao longo de 166 páginas, o documento argumenta que Weinstein foi “transformado num vilão pelos media” e julgado “num ambiente volátil e altamente prejudicial”, e considera incorrecta a condução do julgamento pelo juiz James Burke, que teria designadamente permitido que os jurados ouvissem alegações genéricas de má conduta pelas quais o produtor de Hollywood não estava a ser julgado. “O sistema de justiça criminal americano foi concebido para condenar os réus com base nos seus actos, e não no seu carácter”, afirmou o porta-voz da equipa jurídica de Harvey Weinstein, Juda Engelmayer, num comunicado enviado à imprensa.

Weinstein, que até cair em desgraça era uma das mais poderosas figuras da indústria do cinema, foi condenado por um tribunal de Manhattan por ter forçado a produtora assistente Miriam Haleyi a praticar sexo oral e por ter violado a cabeleireira e aspirante a actriz Jessica Mann.

No final de 2020, os seus advogados já tinham tentado, sem êxito, que Weinstein pudesse aguardar em liberdade enquanto a sua pena ainda fosse susceptível de recurso — pagando uma caução de dois milhões de dólares —, já que, defenderam, corria o risco de morrer se permanecesse na prisão. A par de problemas cardíacos, o produtor foi infectado já na prisão pelo novo coronavírus.

Considerado culpado pelo júri no dia 24 de Fevereiro de 2020, Weinstein, cujas agressões sexuais estão na origem do movimento MeToo,  ouviu o juiz proferir a sua sentença no dia 11 de Março.

Actualmente a cumprir pena na prisão de Wende, em Buffalo, no estado de Nova Iorque, enfrenta ainda um pedido de extradição para ser julgado em Los Angeles por novas acusações, que incluem violação e outras agressões sexuais.

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