Oliveira com entrada de leão e saída de sendeiro

Piloto português arrancou como uma bala no GP de Doha até à terceira posição, mas acabou em 15.º. Fabio Quartararo foi o vencedor e Zarco é o novo líder.

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Miguel Oliveira terminou longe dos homens da frente Rafael Marchante /Reuters

Ao longo da carreira, foram muitas as corridas onde Miguel Oliveira protagonizou recuperações magistrais após arranques de posições recuadas. No Grande Prémio (GP) de Doha do MotoGP, este domingo, começou por ser também assim. O português arrancou como uma bomba da 12.ª posição (quarta linha da grelha) e chegou ao terceiro lugar em escassos metros, antes da primeira curva. O pior veio logo depois, quando foi paulatinamente cedendo posições com a sua KTM até ao 15.º posto final. O grande vencedor da segunda prova da temporada, disputada neste domingo e que antecede o GP de Portugal, foi o francês Fabio Quartararo, que levou a Yamaha de novo ao topo.

“Normalmente faço as minhas corridas ou à frente, ou de trás para a frente a recuperar tempo, mas hoje a ajuda técnica não esteve ao nosso lado”, admitiu Oliveira depois da corrida, passando a explicar: “Tivemos um problema técnico, logo após o arranque, com o nosso painel dianteiro electrónico, e portanto perdi imensa informação muito importante que não conseguia ver para extrair a máxima performance da moto, como quando passar a mudança, quando mudar os meus mapas de potência e de controlo de tracção, temperatura dos pneus ou tempo por volta.”

Bem menos frustrado encontrava-se o jovem estreante Jorge Martin, de 23 anos, que surpreendera na véspera ao levar a Ducati da equipa satélite do construtor italiano à pole position. Isto apesar do sonho de um triunfo começar a esfumar-se a apenas cinco voltas do final. Depois de ter liderado desde o início, seguido de perto pelo seu companheiro de equipa Johann Zarco, o piloto espanhol acabou por ceder nas voltas finais, batido por dois franceses. Primeiro, foi ultrapassado por Quartararo e, nos metros finais, seria Zarco a carimbar pela segunda vez a “prata” no Qatar.

“Não estava à espera de estar tanto tempo à frente”, confessou, mesmo assim, um ainda zonzo Jorge Martin, na sala de imprensa do circuito de Doha. “Lembro-me durante o fim-de-semana de estar muito tempo a pensar no meu hotel que não podia ser estúpido, tinha de usar a cabeça e rever todos os erros que cometi aqui na primeira corrida [quando, à semelhança de Oliveira, protagonizou um notável arranque da 14.ª posição até ao quarto lugar antes da primeira curva, acabando por terminar no 15.ª posto, atrás do português, que foi 13.º].”

O piloto admitiu que o terceiro lugar do pódio na segunda corrida da carreira “é fantástico”, apesar da desfeita de Zarco a poucos instantes de ver a bandeira xadrez. O seu experiente colega de equipa tornou-se no primeiro francês a atingir 50 pódios em todas as categorias de MotoGP, para além de se isolar no primeiro lugar da classificação geral, onde tem uma curta vantagem de quatro pontos. Mas, apesar do comando do Mundial, Zarco continua a aguardar para festejar o triunfo numa corrida da categoria rainha.

Os dois pilotos da Pramac Racing, colocaram a equipa satélite da Ducati na dianteira das motos do construtor. Francesco Bagnaia (terceiro na semana passada) não foi além do sexto lugar e Jack Miller acabou na 10.ª posição. Já o também espanhol Maverick Viñales, da equipa oficial da Yamaha, vencedor da primeira corrida, não foi além do quinto lugar este domingo, baixando ao segundo lugar, em igualdade pontual com Quartararo.

Com o modesto 16.º posto, com apenas quatro pontos somados, Miguel Oliveira chegará a Portugal, a terceira corrida da temporada, determinado e, recuperar terreno na tabela. O piloto de Almada vai querer repetir o triunfo da temporada passada em Portimão, obtido de forma bastante folgada.

Mas o GP de Portugal poderá ter ainda um ingrediente extra de interesse. Mesmo contra os pareceres de alguns médicos, é aguardado o regresso do espanhol Marc Márquez, detentor de seis títulos na categoria rainha e que está afastado dos circuitos desde o início da temporada passada, a recuperar das lesões de um grave acidente. Com a sua prolongada ausência, quem também não recuperou foi a Honda, a viver um dos piores momentos da sua longa história na modalidade.

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