Lenine dentro da Eneida

Aqui está, meus amigos leitores, o que faz um livro tornado incomum mais de dois milénios depois.

Sim, podem desde já tirar a conclusão de que o meu interesse pelas questões correntes é escasso, e protestar aqui ao lado nos comentários. Sim, não estou particularmente furioso, nem com o Presidente da República nem com o primeiro-ministro. Sim, preocupo-me, como toda a gente, com a pandemia, mas nada tenho a acrescentar ao que se sabe, e muito menos ao que não se sabe. Sim, acho um abuso cívico que vão mais uns milhões para o Novo Banco. Sim, tenho uma opinião formada sobre Sócrates e espero que não tenha que ter uma sinistra opinião sobre a justiça em Portugal. E, por fim, não padeço daquilo que no mundo anglo-saxónico se chama writer’s block, ou seja, não conseguir escrever, só me falta paciência para encontrar alguma coisa interessante nesta narrativa cinzenta e redutora que a pandemia acentuou a uma vida pública já de si muito pouco brilhante. Admito que isto possa ser bom para a ficção, Coetzee ou Philip Roth escreviam bem neste deserto afectivo e intelectual. Também não é escapismo, porque não escapo a nada, só ando à volta, com a vantagem de viajar para esse país estrangeiro que é o passado.

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