África do Sul envia militares para Cabo Delgado para apoiar repatriamento

Aumenta a preocupação dos países da região que convocaram uma cimeira para definir “medidas de intervenção” no Norte de Moçambique.

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Milhares de pessoas tiveram de fugir das suas casas por causa dos ataques em Cabo Delgado LUIS MIGUEL FONSECA / Lusa

A África do Sul enviou um contingente de militares para Cabo Delgado, a região no Norte de Moçambique que está a ser palco de ataques terroristas que se intensificaram nas últimas semanas. O Governo sul-africano esclarece que o envolvimento dos militares é limitado a apoio logístico para o repatriamento de cidadãos nacionais presentes na área.

Foram localizados pelo menos 50 cidadãos sul-africanos que tinham sido dados como desaparecidos no decorrer dos ataques dos insurgentes a várias localidades no Norte de Moçambique, disse o porta-voz do Ministério da Defesa sul-africano, Siphiwe Dlamini, citado pela Lusa.

“As Forças de Defesa Nacionais da África do Sul continuam a fornecer apoio logístico ao Alto Comissariado em Maputo em articulação com os serviços consulares, incluindo para a repatriamento[de cidadãos sul-africanos], disse Dlamini, desta vez citado pela imprensa sul-africana, especificando que “esta é a extensão do envolvimento” dos militares sul-africanos no país vizinho.

Na sexta-feira, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, explicou que militares sul-africanos estão a garantir em Cabo Delgado a segurança dos seus cidadãos afectados pelos atentados terroristas no Norte de Moçambique.

A Força Aérea da África do Sul retirou na terça-feira seis cidadãos sul-africanos de Moçambique afectados pelos recentes atentados terroristas no norte do país vizinho, anunciou o Governo de Pretória. Um cidadão sul-africano morreu durante os ataques.

O aumento da violência em Cabo Delgado está a preocupar os países da região. Para a próxima semana está marcada uma reunião da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em que vão ser discutidas “medidas de intervenção” regional para resolver o conflito em curso.

A situação agravou-se na semana passada quando os insurgentes ligados ao Daesh atacaram a vila de Palma, matando dezenas de civis e provocando a fuga de milhares de pessoas que vieram engrossar o grande número de deslocados internos que se acumularam noutros pontos da região nos últimos meses.

O aumento da violência levou a petrolífera francesa Total a mandar retirar todos os funcionários envolvidos na construção de um megaprojecto de exploração de gás natural em Afungi. O anúncio feito na sexta-feira vem lançar ainda mais dúvidas sobre o futuro daquele que é considerado o maior projecto de construção das últimas décadas na região.

Por trás da saída dos trabalhadores da Total está a aproximação do fim do contrato da empresa de segurança privada DAG que até agora tinha apoiado as forças militares moçambicanas nos combates contra os militantes.

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