Países Baixos suspendem uso da vacina da AstraZeneca em menores de 60 anos

Países Baixos cancelaram cerca de 10.000 vacinações que estavam previstas para a próxima semana a membros dos serviços de saúde holandeses com menos de 60 anos. Anúncio chega depois de países como a Alemanha e o Canadá terem tomado medidas semelhantes.

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ZURAB KURTSIKIDZE/EPA

Os Países Baixos suspenderam temporariamente o uso da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em pessoas com menos de 60 anos após a morte de uma mulher que recebeu a vacina, anunciou esta sexta-feira o Ministério da Saúde holandês.

No seguimento do anúncio, foram canceladas cerca de 10.000 vacinações que estavam previstas para a próxima semana a membros dos serviços de saúde holandeses com menos de 60 anos, segundo a agência ANP.

“Temos de ter cuidado, por isso, é aconselhável apertar o botão de pausa como medida de precaução”, considerou o ministro da Saúde, Hugo de Jonge.

​A decisão foi tomada após terem sido divulgados novos relatórios do Centro Lareb de Farmacovigilância e de a questão ter sido discutida com as autoridades de saúde.

O Centro Lareb de Farmacovigilância revelou também esta sexta-feira que foram reportados cinco casos de trombose associada à baixa contagem de plaquetas após a inoculação com a vacina da AstraZeneca, incluindo uma mulher que morreu. Segundo o centro, as reacções ocorreram cerca de sete a dez dias após a vacinação.

“São mulheres entre os 25 e 65 anos. Três pacientes tiveram graves embolias pulmonares. Uma mulher morreu e outra teve também uma hemorragia cerebral”, disse.

Cerca de 400.000 pessoas foram vacinadas com a vacina da AstraZeneca nos Países Baixos e os casos registados são “comparáveis” a alguns reportados na Europa, segundo o Centro Lareb de Farmacovigilância. A suspensão deve durar até 7 de Abril, altura em que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) dará mais orientações sobre o assunto.

O anúncio chega depois de a Alemanha ter suspendido o uso da vacina em pessoas com menos de 60 anos, à semelhança do que fizeram outros países como o Canadá.

Na França, a família de uma mulher de 38 anos que morreu de trombose após receber a primeira dose da vacina da AstraZeneca exigiu uma investigação, segundo disse o seu advogado à AFP.

“É uma denúncia contra X, porque não temos provas contra uma pessoa identificada, por homicídio culposo”, explicou Étienne Boittin, acrescentando que essa qualificação pode “evoluir de acordo com os elementos do arquivo”.

O advogado referiu que a família “não está em processo de reclamação ou cobrança de responsabilidades, apenas quer esclarecimentos” sobre o que aconteceu.

A jovem tinha sido vacinada em meados de Março, uma vez que trabalhava num instituto médico-educacional para deficientes físicos, e não sofria de nenhum problema de saúde específico, acrescentou.

Reino Unido registou 30 casos de coágulos em 18,1 milhões de vacinados

A agência reguladora da saúde britânica identificou 30 casos de coágulos sanguíneos raros entre 18,1 milhões de pessoas que tomaram a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca no Reino Unido, mas insiste no benefício daquele fármaco.

Os riscos associados aos coágulos são “muito reduzidos”, declarou esta sexta-feira a Agência reguladora de Medicamentos e Saúde (MHRA, na sigla em inglês), defendendo que a população pode tomar a vacina.

Os 30 casos ocorreram entre 18,1 milhões de pessoas que foram vacinadas até final de Março no Reino Unido com a vacina da AstraZeneca e 22 deles correspondem a trombos venosos cerebrais e oito a outros problemas de coagulação do sangue com baixo número de plaquetas.

Um dos membros do Comité Conjunto de Vacinação e Imunização que tem a seu cargo o plano de vacinas britânico, Adam Finn, assegurou que a vacina é, “de longe, a opção mais segura para reduzir os riscos de adoecer com gravidade ou morrer por causa da covid-19”.

A agência indicou que não há registo de problemas de coagulação entre pessoas que foram vacinadas com a vacina da Pfizer/BioNTech.

No mês passado, vários países, incluindo Portugal, suspenderam o uso da vacina da AstraZeneca devido a relatos sobre a formação de coágulos sanguíneos após a inoculação. Porém, a maior parte retomou a vacinação depois de a EMA ter considerado a vacina “segura e eficaz”.

Até 22 de Março, a EMA tinha conhecimento de 62 casos de tromboses venosas no seio cavernoso cerebral que parecem estar associadas com a toma da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca registadas no Espaço Económico Europeu (os países da União Europeia mais a Islândia, Liechtenstein e Noruega).

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