Os engenhosos destroços da ficção

Um romance que é uma inteligente organização narrativa capaz de questionar, sem quaisquer ostentações, a arte de que o autor é um brilhante artífice.

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A Prima do Campo e a Coisa Pública vive em sistema democrático, com partilha de poder entre o verosímil e o inviável, a denotação e a alegoria Bruno Lisita/Arquivo

A cada título de um novo livro de Alexandre Andrade, o leitor surpreende-se com uma invenção sempre algures entre a obliquidade do mistério e o mais recto factual. Porque os dados fornecidos nos seus títulos, como, aliás, nos próprios livros, dividem o seu sortilégio pela evidência e a ocultação. A Prima do Campo e a Coisa Pública não é excepção. Uma das duas “sequelas” desta “ficção” — aceitemos os termos do subtítulo do romance —, descreve o título como simplesmente “invulgar” (p.179); mas a outra “sequela” é prelúdio de considerações mais encorpadas: “um título que, para além da estranheza, pode fazer germinar a desconfiança de o autor se estar a tentar divertir à custa daqueles que se atreverem a levá-lo a sério (...) um título que fecha algumas portas e abre outras” (p.138). Uma apreciação tão detida não pode deixar de interessar o leitor curioso, e os livros de Alexandre Andrade procuram sempre um espírito inquisitivo.

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