Semana da Moda da China: “Algodão de Xinjiang é a minha paixão”

No final do seu desfile na Semana da Moda da China, a criadora Zhou Li tomou o palco com um ramo de flores de algodão.

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A designer salientou que é fundamental continuar a usar algodão daquela província para apoiar a população que depende da sua produção Reuters/TINGSHU WANG
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Zhou Li com o ramo de flores de algodão Reuters/TINGSHU WANG
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Desfile de Zhou Li na Semana da Moda da China Reuters/TINGSHU WANG
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Desfile de Zhou Li na Semana da Moda da China Reuters/TINGSHU WANG
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Reuters/TINGSHU WANG
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Bastidores do desfile de Zhou Li na Semana da Moda da China Reuters/TINGSHU WANG
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Desfile de Zhou Li na Semana da Moda da China Reuters/TINGSHU WANG

O algodão de Xinjiang continua a dar que falar. Desta vez foi a designer Zhou Li a pronunciar-se — ainda que de forma subtil — sobre o assunto. No final do seu desfile na Semana da Moda da China, a criadora tomou o palco com um ramo de flores de algodão.

Esta terça-feira, o desfile de Zhou Li surpreendeu, não pelos designs minimalistas com folhos e caracteres chineses, mas sim por ter usado apenas algodão da província de Xinjiang. A designer junta-se à lista de celebridades chinesas que se têm manifestado publicamente uma posição de apoio à indústria do algodão, rejeitando as acusações de trabalho forçado, e dizem boicotar várias marcas estrangeiras.

“Tanto quanto sei, o algodão de Xinjiang é a minha paixão, o meu amor, e estou grata por toda a felicidade que me trouxe”, disse Zhou Li à Reuters, no final do desfile. A designer reforçou que o correcto é continuar a usar o algodão desta província na indústria da moda chinesa, de forma a “apoiar o povo de Xinjiang”.

Zhou Li não foi a única a deixar uma mensagem patriótica de apoio, durante a Semana da Moda da China, e a reafirmar o boicote às marcas internacionais que acusam aquela província de promover trabalho forçado. A modelo Zhao Yinuo disse que “toda a gente sabe”, que os comunicados das marcas “são falsos”. “Claro que não posso comentar demasiado este assunto, porque envolve problemas políticos, mas tenho um sentido de orgulho nacional”, destacou a jovem. “Não acredito que o Partido Comunista Chinês pudesse fazer tal coisa. Somos uma nação muito unida”, comentou, à Reuters, uma estudante.

Recorde-se a polémica das últimas semanas em torno do algodão de Xinjiang, depois de várias marcas de vestuário terem suspendido a utilização deste material, por suspeitas de trabalho forçado e, como consequência, terem desaparecido das plataformas de compras online chinesas. Tudo começou com um comunicado da H&M em 2020, em que a empresa sueca condenava quaisquer práticas de trabalho forçado na região de Xinjiang, na China, e dizia não voltar a utilizar o algodão daquela zona nas suas confecções.

O comunicado voltou a surgir nas redes sociais chinesas, na última semana, e consumidores e celebridades anunciaram um boicote geral a estas marcas — não só a H&M, como também a New Balance, a Under Armour, a Tommy Hilfiger, a Converse, propriedade da Nike, a Adidas e a Gap, entre outras. A marca de vestuário sueca afirmou, num relatório trimestral, publicado na quarta-feira, que vai recuperar a confiança dos chineses.

Em Julho de 2020, mais de 190 organizações de defesa dos direitos humanos, de 35 países, formaram uma coligação a exigir que grandes marcas internacionais cortassem as ligações com os fornecedores ligados ao trabalho forçado de uigures. A China continua a negar tais acusações e garante que todo o trabalho em Xinjiang é consensual e com base num contracto. Esta província chinesa é responsável pela produção de 20% do algodão de todo o mundo.

Nas últimas semanas, a União Europeia anunciou sanções contra quatro indivíduos e uma instituição chinesa por alegadas violações dos direitos humanos em Xinjiang. O Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos também anunciaram penalizações idênticas. No mesmo dia em que estas medidas foram anunciadas, a China respondeu com sanções contra dez indivíduos e quatro instituições europeias.

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