Cairo prepara cortejo inédito de múmias reais

Por ordem cronológica, 18 reis e quatro rainhas, cada um na sua carruagem, abandonarão o museu onde estão há mais de um século, o Museu do Cairo, e mudar-se-ão para uma nova casa, o Museu Nacional da Civilização Egípcia.

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A múmia de Seqenenre Taa abrirá o desfile, que obedece a uma ordem cronológica Patrick Landmann/Getty Images
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A múmia de Ramsés IX, que reinou no século III a.C., encerrará o cortejo de sábado Esimpson2

A capital egípcia será palco no sábado de um cortejo inédito quando 22 múmias de reis e rainhas do Egipto antigo forem transferidas do Museu do Cairo para o Museu Nacional da Civilização Egípcia (NMEC). O “desfile de faraós” está previsto começar às 18h locais (17h em Lisboa). Por ordem cronológica, 18 reis e quatro rainhas, cada um na sua carruagem, abandonarão o museu onde estão há mais de um século e mudar-se-ão para uma nova casa.

O trajecto durará cerca de 40 minutos, sob alta vigilância policial, até ao enorme edifício moderno construído nos últimos anos no sul do Cairo, que deverá abrir as portas em meados de Abril. O faraó Seqenenre Taa (século XVI a.C.) da 17.ª dinastia abre o desfile, que é encerrado por Ramsés IX (século III a.C.) da 20.ª dinastia, e o evento será acompanhado por apresentações musicais transmitidas em directo na televisão.

Descobertas perto de Luxor (sul) a partir de 1881, a maioria das 22 múmias não deixou o museu egípcio situado na praça Tahrir, no centro do Cairo, desde o início do século XX. Desde os anos 1950 que estavam expostas ao lado umas das outras numa pequena sala, sem explicações museográficas claras.

As múmias serão transportadas num embrulho contendo azoto, em condições semelhantes às que têm nas caixas de exposição, e as carruagens estão equipadas com mecanismos de absorção de choques. No novo museu ficarão em caixas mais modernas “para um melhor controlo da temperatura e humidade”, explicou à agência France Presse Salima Ikram, professora de Egiptologia da Universidade Americana do Cairo, especialista em mumificação.

Serão apresentados ao lado dos seus sarcófagos, numa decoração que lembra os túmulos subterrâneos, acompanhados de uma biografia e em alguns dos casos dos seus scans. “Pela primeira vez as múmias serão apresentadas de um modo bonito, com fins educacionais”, disse o egiptólogo egípcio Zahi Hawass à AFP, adiantando que o seu carácter macabro afastou no passado vários visitantes.

Depois de anos de instabilidade na sequência da revolta popular de 2011, que constituiu um duro golpe para o turismo, o Egipto está a tentar atrair visitantes, promovendo o NMEC ou o Grande Museu Egípcio (GEM) próximo das pirâmides de Gizé, que deve ser inaugurado nos próximos meses.

O GEM vai receber as colecções faraónicas do museu do Cairo, incluindo o célebre tesouro do rei Tutankhamon (século XIV a.C.). Descoberto em 1922, o túmulo do jovem rei escondia, além da sua múmia, inúmeros objectos de ouro, alabastro ou marfim. E porque não ficam todas as múmias no GEM? “O GEM tem o rei Tutankhamon, a estrela. Se as (outras) múmias não forem colocadas no NMEC ninguém lá irá”, respondeu Hawass.

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