Facebook vai permitir escolher as pessoas que podem comentar

Os utilizadores, marcas e páginas do Facebook passam a poder definir quem é que pode comentar diferentes publicações. O objectivo é dar mais controlo aos utilizadores.

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O Facebook vai permitir autorizar apenas comentários de algumas pessoas Facebook

O Facebook lançou novas ferramentas para os utilizadores decidirem quem é que pode comentar publicações específicas. O objectivo, explica a empresa em comunicado, é “dar mais controlo” às pessoas. O Twitter fez o mesmo em Setembro.

Há anos que o Facebook já permite barrar comentários nas publicações ou barrar publicações específicas dos olhos de algumas pessoas — basta clicar nas definições de uma publicação (três pontos no canto superior direito > editar público > escolher “amigos excepto” ou “amigos específicos”). 

Só que agora as pessoas podem decidir partilhar algo com todos, mas apenas autorizar comentários de algumas pessoas (por exemplo, amigos ou pessoas mencionadas na publicação). “[Isto permite] limitar interacções potencialmente indesejadas”, explica a equipa do Facebook. “Ao ajustar a audiência de comentários, o utilizador pode controlar melhor como pretende que decorra uma conversa nas suas publicações públicas.”​

A mudança também se aplica a páginas de celebridades, marcas e associações. Na Austrália, onde as empresas de comunicação social são responsáveis pelos comentários publicados nas páginas do Facebook desde 2019, a mudança pode impedir problemas legais.

Controlar o que se vê

Além de controlar quem comenta determinadas publicações, os utilizadores do Facebook passam a poder controlar o que é que vêem no feed de notícias através da ferramenta “favoritos”. Isto permite ao utilizador escolher um máximo de 30 amigos e páginas que vê primeiro, e com mais frequência, no feed. Para chegar aos “favoritos” é preciso carregar na seta no canto superior direito do Facebook > definições e privacidade > preferências do feed de notícias > gerir favoritos. 

Desde Abril de 2015 que o algoritmo do feed da rede social dá prioridade às publicações dos amigos (acima de órgãos de comunicação social e entretenimento). Agora, o utilizador passa a escolher, especificamente, aquilo que quer ver. Também vai existir uma nova “barra de filtro de feed” para aceder mais rapidamente aos favoritos.

Mais bolhas?

Nos últimos anos vários investigadores têm alertado que este tipo de sistemas facilita o “modelo de bolha” (filter buble, em inglês). Trata-se da teoria de que as pessoas tendem a privilegiar conteúdos que estão em linha com as suas convicções. Eli Pariser, fundador da Avaaz (uma organização que recolhe assinaturas online em favor de causas internacionais) e da Upworthy (um projecto que tenta unir conteúdo viral a causas sociais) foi um dos primeiros a utilizar o termo. Em The Filter Bubble: What the Internet is Hiding from You, Pariser denuncia a personalização excessiva dos motores de busca e das redes sociais que empobrece o debate e fomenta uma segregação de cultura e informação.

O PÚBLICO contactou o Facebook para mais informações, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo. 

Em comunicado, a empresa nota que os utilizadores também terão a opção de alternar entre os favoritos, o feed de notícias tradicional (gerido por algoritmos) e um feed ordenado cronologicamente.

As mudanças do Facebook chegam numa altura em que as redes sociais estão a ser alvo de escrutínio por parte de vários legisladores sobre o seu papel na sociedade, na difusão de informação falsa e na promoção de discurso de ódio.

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