Cartas ao director

Salvem Cabo Delgado

O massacre de inocentes que está a ocorrer em Cabo Delgado, província localizada no extremo nordeste de Moçambique, devia obrigar a uma rápida intervenção da ONU em vez de palavras de circunstância. Se as forças de defesa e segurança de um dos países mais pobres do mundo não consegue conter os insurgentes islâmicos, deve aceitar ajuda internacional sem reservas. Não é possível fazer abordagens diplomáticas com quem saqueia e incendeia aldeias, decapita crianças e desmembra corpos de adultos. 

Emanuel Caetano, Ermesinde

A criatividade do PR

A norma-padrão da Constituição que proíbe, taxativamente, qualquer órgão de soberania, excepto o Governo, de fazer despesa fora do Orçamento do Estado aprovado, foi rompida unilateralmente pelo Presidente da República. Desta vez sem se servir do Tribunal Constitucional, como fez aquando da lei da eutanásia, para “lavar as mãos”. Mesmo assim, lá arranjou mais uma “criatividade” para fazer o que fez mas “endossar” ao Governo a responsabilidade de... governar. Marcelo no seu esplendor! Fino como o alho e sempre enguia quando entra numa fria. Razão tem o director do PÚBLICO, Manuel Carvalho, no editorial de ontem ao dizer que a Constituição está a ficar “à la carte”...

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto


PS quer ganhar autárquicas em Lisboa na secretaria
Ao requerer o depoimento presencial de Carlos Moedas na comissão de inquérito do Novo Banco, o PS quer ganhar as eleições em Lisboa na secretaria, sabendo que, muito provavelmente, as vai perder no campo, se me permitem a linguagem desportiva. Rui Rio fez bem em associar esta pretensão dos socialistas às autárquicas e até ironizou: já agora pediam a presença de Vladimiro Feliz e António Oliveira, candidatos do PSD ao Porto e a Gaia.
Trata-se, por parte do PS, de uma manobra de baixa política e pode indiciar que vamos ter campanha de ataques pessoais e insultos, ao contrário do que se fazia supor, atendendo ao nível dos candidatos.
O requerimento do PS é ainda mais condenável, se tivermos em conta que o líder do partido, António Costa, disse sempre que não queria uma política feita de casos. Porquê trazer, então, o Novo Banco para a campanha? Nesta jogada suja dos socialistas, detecta-se, também, um medo visível da candidatura de Carlos Moedas a Lisboa, que poderá edificar valores e princípios nobres, que, pelos vistos, andam muito arredados da nossa política.

Simões Ilharco, Lisboa

Combate à corrupção

“Estratégia de combate à corrupção é pouco ambiciosa”. Quem o diz? Joana Marques Vidal, ex-procuradora-geral da República. Foi a primeira mulher nomeada para este cargo.  Um jornal inteiro não chegava para dar conhecimento das investigações que levaram destacadas pessoas a serem investigadas. Desde a Operação Marquês, Inquéritos BES, a Operação Lex, que envolve três juízes desembargadores, os vistos “Gold” e a Operação Fizz, foram alguns dos casos que surgiram durante os seis anos da sua liderança. No fundo, a corrupção está a ganhar terreno à chamada investigação criminal. Os processos, mais mediáticos ou não, vão continuando - o Conselho Superior do Ministério Público tem urgentemente de dar um murro na mesa. 

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Portugal será coutada de certas empresas?

Os jornais são órgãos de comunicação social que noticiam acontecimentos, fornecem notícias do país e do mundo e permitem que comentadores de várias áreas profissionais, articulistas e jornalistas emitam opiniões. Julgo, por isso, que ninguém ficará indiferente a certas opiniões e comentários quando alguns articulistas e comentadores demonstram coragem de apontar – utilizando o jargão empresarial – os “bois pelos nomes” quando certas personalidades, quer estejam no activo ou já estejam retiradas, estabeleceram ( ou estabelecem) relações estranhas e promíscuas com empresas públicas, acabando por beneficiar, pessoalmente, dessas relações.

O que se passa (v.g.) com a  EDP que – li algures – “é dominada pelo governo da China  e acaba por vender seis barragens?”. O que se passa com políticos poderosos – li algures – que “a troco de tenças milionárias se prestam ao papel de serventuários da EDP?” Como gostaria que o PÚBLICO convidasse articulistas e/ou colaboradores que desbravassem opacidades, que ousassem e denunciassem. Afinal para que serve o regime democrático? Para anestesiar e endrominar o povo?

António Cândido Miguéis, Vila Real

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