H&M em queda promete reconstruir a confiança com a China

A China é o quarto maior mercado de vendas da marca de vestuário sueca e o seu maior fornecedor.

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A empresa espera um saldo positivo na segunda metade do ano, já que as vendas subiram 55%, entre 1 e 28 de Março LUSA/ROMAN PILIPEY

A marca de vestuário sueca H&M reportou, esta quarta-feira, os dados do último trimestre, que dão conta de prejuízo nas vendas. Garantem que tudo se deve ao boicote que têm vindo a sentir por parte dos consumidores chineses, mas prometem voltar a ganhar a sua confiança. Recorde-se a polémica em torno do algodão de Xinjiang, depois de várias marcas de vestuário terem suspendido a utilização deste material, por suspeitas de trabalho forçado. Não só muitas destas marcas desapareceram das plataformas de compras online chinesas, como há celebridades do país que anunciaram que vão deixar de usar as roupas e acessórios dessas empresas internacionais

Tudo começou com um comunicado da H&M em 2020, em que a empresa sueca condenava quaisquer práticas de trabalho forçado na região de Xinjiang, na China, e dizia não voltar a utilizar o algodão daquela zona nas suas confecções. O comunicado voltou a surgir nas redes sociais chinesas e consumidores e celebridades anunciaram um boicote geral a estas marcas — não só a H&M, como também a New Balance, a Under Armour, a Tommy Hilfiger, a Converse, propriedade da Nike, a Adidas e a Gap, entre outras.

Esta quarta-feira, a H&M publicou um comunicado com os resultados do último trimestre — com prejuízo em termos de vendas. A marca sueca garante, no mesmo comunicado, que continua comprometida com o mercado chinês e está dedicada a ganhar de volta a confiança dos consumidores, bem como dos parceiros de negócio locais. “Ao trabalhar em conjunto com accionistas e parceiros, acreditamos que podemos avançar no nosso esforço conjunto para desenvolver a indústria da moda, servir os nossos clientes e agir de forma respeitosa”, dizem.

O comunicado, ainda assim, não mencionava especificamente o incidente de Xinjiang. A China é o quarto maior mercado de vendas da H&M e o maior fornecedor da marca. “Já vimos outras marcas como a Nike e a H&M a enfrentar controvérsias semelhantes no passado e a conseguir manter as vendas consistentes, no entanto, a curto prazo achamos que a H&M poderá ter um impacto negativo nas vendas no mercado chinês”, sublinhou, em comunicado, o analista da RBC Capital Markets, Richard Chamberlain.

As acções da H&M já caíram 2%, mas o saldo negativo da empresa também poderá ser culpa da pandemia de covid-19, com grande parte das lojas fechadas. No primeiro trimestre de 2021, a empresa terá perdido cerca de 1.39 mil milhões de coroas suecas (perto de 136 milhões de euros). No período homólogo de 2020, o lucro foi de 2.5 mil milhões de coroas suecas (244 milhões de euros). Ainda assim, a empresa espera um saldo positivo na segunda metade do ano, já que as vendas subiram 55%, entre 1 e 28 de Março.

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