Fotografia

Como é ser pai solteiro? É “amor e compromisso”

Harry Broden retratou, ao longo de vários anos, pais que cuidam, sozinhos, das suas crianças. “É possível que este livro explore aquilo de que senti falta, enquanto filho”, diz o fotógrafo britânico. 

©Harry Borden
Fotogaleria
©Harry Borden

“Acho que o meu pai nunca quis ter filhos”, narra o fotógrafo retratista britânico Harry Broden, no prefácio do fotolivro que lançou recentemente intitulado Single Dad. “Ele teve um casamento curto e desastroso, cedo na vida, que terminou antes do nascimento o seu primeiro filho, Jed”, continua. “Tínhamos no álbum de família uma fotografia solitária de Jed, com dez anos, mas falar sobre ele ou sobre a foto era desencorajado.”

A relação de Broden com o pai sempre foi distante. “Vi isso com mais clareza quando o visitei na presença dos meus filhos”, explica. “Ele sentava-se no sofá, tenso e irritável, enquanto a minha mãe cozinhava o almoço de domingo. Ele aumentava o volume da televisão enquanto os netos brincavam perto dele.” Distante será talvez um eufemismo. “Taciturno, zangado”, adjectiva o fotógrafo. Foi a observação dessa interacção que conduziu o fotógrafo de 56 anos à reflexão sobre parentalidade e que o levou, em última análise, a realizar a série de retratos que a Hoxton Mini Press editou e publicou em Março de 2021. “É possível que este livro explore aquilo de que senti falta, enquanto filho.”

Single Dad retrata homens que têm em comum o facto de cuidarem, sozinhos, dos seus filhos. Estes pais, solteiros por viuvez, separação ou divórcio do cônjuge ou companheira – ou mesmo porque decidiram recorrer à gestação de substituição para cumprir um sonho – partilharam com Broden, ao longo de vários anos, as suas histórias e experiências de paternidade. Qual o papel que os pais – ou, mais amplamente, os homens – desempenham na vida dos seus filhos? “Pedi a cada um dos pais que retratei que escrevesse um texto a explicar como se tornou um pai solteiro e que referisse o aspecto de que mais gosta na parentalidade. As suas histórias são todas diferentes, mas têm em comum o amor e o compromisso que têm para com os seus filhos.” Os textos, que acompanham cada uma das imagens, podem ser lidos nas legendas desta fotogaleria.

Porque os tempos mudam, porque já não vemos o papel de pai do mesmo modo que os nossos pais e avós, é importante, na opinião de Broden, contribuir para o debate sobre “o que significa ser homem [no contexto familiar]”. Lembra-se que a sua vida mudou quando foi pai. “Como um catalisador de crescimento emocional, os meus filhos fizeram-me sentir mais conectado com o mundo”, descreve. “Tudo se amplifica com a parentalidade – a alegria aumenta, mas o medo também. É como se o perímetro do teu ser se estendesse e passasse a incluir os teus filhos. O seu sofrimento passa a ser o teu sofrimento.”

A experiência do seu pai parece ter sido, no entanto, completamente diferente da sua. Pouco antes da publicação deste fotolivro, Broden descobriu que Jed, o seu meio-irmão, tinha morrido aos 14 anos, vítima de um acidente de viação. “Apenas quatro anos após ter sido tirada a fotografia que estava no álbum”, refere. “Quando discuti isto com o meu pai, ele permaneceu impávido.” Lamenta. “Tenho pena do meu pai. Frágil e vulnerável, no fim da sua vida manteve-se incapaz de se ligar a nós. Deve ter-se sentido tão sozinho.”

Simon e Jasper. "O Jasper é a minha vida, o meu melhor amigo, o irmão que eu nunca tive. A minha maior alegria? Quando estou a tocar piano no palco enquanto o Jasper me olha, orgulhosamente, entre o público. O Jasper sobe ao palco com regularidade – na bateria, no saxofone alto, e como cantor no coro e nas peças do grupo de teatro da escola. Quando o vejo, a partir das cadeiras do público, mantenho um silêncio orgulhoso, mas não consigo suster uma lágrima de pai baboso. O Jasper brilha de bondade e cresceu muito depressa. No meu último aniversário, comprou-me um frigorífico para colocar as cervejas, na nossa 'man-cave'. Ele é o maior."
Simon e Jasper. "O Jasper é a minha vida, o meu melhor amigo, o irmão que eu nunca tive. A minha maior alegria? Quando estou a tocar piano no palco enquanto o Jasper me olha, orgulhosamente, entre o público. O Jasper sobe ao palco com regularidade – na bateria, no saxofone alto, e como cantor no coro e nas peças do grupo de teatro da escola. Quando o vejo, a partir das cadeiras do público, mantenho um silêncio orgulhoso, mas não consigo suster uma lágrima de pai baboso. O Jasper brilha de bondade e cresceu muito depressa. No meu último aniversário, comprou-me um frigorífico para colocar as cervejas, na nossa 'man-cave'. Ele é o maior." ©Harry Borden
Jonathan e Xavier. "Sempre senti que um dia viria a ser pai, mas nunca imaginei que tornar-me pai seria tão assustador. Com a ajuda de especialistas em fertilidade, advogados, uma dadora de óvulo e uma gestante de substituição incrível, o Xavier nasceu, no sul da Califórnia, em Setembro de 2013."
Jonathan e Xavier. "Sempre senti que um dia viria a ser pai, mas nunca imaginei que tornar-me pai seria tão assustador. Com a ajuda de especialistas em fertilidade, advogados, uma dadora de óvulo e uma gestante de substituição incrível, o Xavier nasceu, no sul da Califórnia, em Setembro de 2013." ©Harry Borden
Benjamin e Jackson. "Tornei-me pai solteiro em Novembro de 2012, quando a minha esposa morreu vítima de acidente de viação. Aconteceu mesmo à nossa frente. O meu filho, que tinha dois anos, viu tudo. Foi muito duro. Pode parecer estranho, mas comecei a adorar ser pai solteiro. O meu filho e eu temos um excelente relacionamento e estamos sempre a rir. Quando a minha esposa morreu, encontrei um livro de viagens que ela me comprou no Natal. Na altura pensei que nunca conseguiria fazer uso dele, sendo pai solteiro de uma criança tão pequena. No entanto, passados seis anos, fizemos as malas e fomos viajar por toda a Itália durante o Verão – só nós os dois. Foi aí que percebi o quanto aprecio o tempo que passo na companhia do meu filho. Estou seguro que o tomaria por garantido se não o educasse sozinho."
Benjamin e Jackson. "Tornei-me pai solteiro em Novembro de 2012, quando a minha esposa morreu vítima de acidente de viação. Aconteceu mesmo à nossa frente. O meu filho, que tinha dois anos, viu tudo. Foi muito duro. Pode parecer estranho, mas comecei a adorar ser pai solteiro. O meu filho e eu temos um excelente relacionamento e estamos sempre a rir. Quando a minha esposa morreu, encontrei um livro de viagens que ela me comprou no Natal. Na altura pensei que nunca conseguiria fazer uso dele, sendo pai solteiro de uma criança tão pequena. No entanto, passados seis anos, fizemos as malas e fomos viajar por toda a Itália durante o Verão – só nós os dois. Foi aí que percebi o quanto aprecio o tempo que passo na companhia do meu filho. Estou seguro que o tomaria por garantido se não o educasse sozinho." ©Harry Borden
Kit e Joseph. "O Joseph tem quase seis anos, hoje, e eu adorei vê-lo crescer. Nas fases iniciais foi fascinante e muito recompensador. Aprendi muito sobre mim por sermos tão semelhantes.   Cheguei à conclusão que se começa a olhar o mundo de uma outra perspectiva, depois de ter um filho. Também percebi que me transformei de egoísta a altruísta. Apaixonei-me diversas vezes, mas o amor que sentes pelo teu filho é muito maior. O meu único arrependimento é não ter tido um filho mais cedo, ou mais do que um. De qualquer modo, tenho a sorte de ter o Joseph. Durante muitos anos, algo faltava na minha vida, mas hoje sinto-me completo."
Kit e Joseph. "O Joseph tem quase seis anos, hoje, e eu adorei vê-lo crescer. Nas fases iniciais foi fascinante e muito recompensador. Aprendi muito sobre mim por sermos tão semelhantes. Cheguei à conclusão que se começa a olhar o mundo de uma outra perspectiva, depois de ter um filho. Também percebi que me transformei de egoísta a altruísta. Apaixonei-me diversas vezes, mas o amor que sentes pelo teu filho é muito maior. O meu único arrependimento é não ter tido um filho mais cedo, ou mais do que um. De qualquer modo, tenho a sorte de ter o Joseph. Durante muitos anos, algo faltava na minha vida, mas hoje sinto-me completo." ©Harry Borden
David e Isabelle. "Por razões que não compreendo inteiramente, a minha filha quase não me viu durante quatro anos, logo após eu e a mãe dela nos termos separado. Em 2017, no entanto, ela veio viver comigo. Ser pai é difícil. Significa ser perito em muitas matérias, como ética, psicologia, economia, moda, logística. De qualquer modo, o prazer que retiro de ser pai compensa essa exigência. Sinto-me sortudo, todos os dias, por poder partilhar momentos com ela, como vê-la rir-se incontrolavelmente sobre coisas que se passam na escola, fazer um bolo, assistir ao Doctor Who ou andar de bicicleta no parque."
David e Isabelle. "Por razões que não compreendo inteiramente, a minha filha quase não me viu durante quatro anos, logo após eu e a mãe dela nos termos separado. Em 2017, no entanto, ela veio viver comigo. Ser pai é difícil. Significa ser perito em muitas matérias, como ética, psicologia, economia, moda, logística. De qualquer modo, o prazer que retiro de ser pai compensa essa exigência. Sinto-me sortudo, todos os dias, por poder partilhar momentos com ela, como vê-la rir-se incontrolavelmente sobre coisas que se passam na escola, fazer um bolo, assistir ao Doctor Who ou andar de bicicleta no parque." ©Harry Borden
Nigel e Maia Rose. "A minha vida era totalmente normal. Conheci uma rapariga maravilhosa, chamada Katie, na universidade, em 1999, e casámo-nos dez anos depois. Comprámos a nossa primeira casa em 2003. Foi nessa altura que fui pai. Aos 33 anos, recebi um presente fantástico: o primeiro filho. Em Agosto, nascia a minha bonita filha Maia, que nasceu em casa, numa banheira cheia de água.   Aos 10 dias de idade, a Maia apareceu numa telenovela chamada Emmerdale. Estranhamente, o guião envolvia a morte de uma mãe e a história de um pai e de uma filha a lidarem com a perda. Em 2012, quando a Maia tinha apenas um mês, recebi a notícia de que a Katie tinha um cancro. No dia 2 de Julho do ano seguinte, ela falecia em casa, comigo e a Maia ao seu lado. E assim começou a minha vida de pai solteiro.   A Maia tem oito anos hoje e parece-se mais com a sua mãe a cada diz que passa. Mudámo-nos para sul, para estarmos perto da família da Katie. Mudei de profissão. Somos felizes, mas não há um dia só em que não recordemos a mãe."
Nigel e Maia Rose. "A minha vida era totalmente normal. Conheci uma rapariga maravilhosa, chamada Katie, na universidade, em 1999, e casámo-nos dez anos depois. Comprámos a nossa primeira casa em 2003. Foi nessa altura que fui pai. Aos 33 anos, recebi um presente fantástico: o primeiro filho. Em Agosto, nascia a minha bonita filha Maia, que nasceu em casa, numa banheira cheia de água. Aos 10 dias de idade, a Maia apareceu numa telenovela chamada Emmerdale. Estranhamente, o guião envolvia a morte de uma mãe e a história de um pai e de uma filha a lidarem com a perda. Em 2012, quando a Maia tinha apenas um mês, recebi a notícia de que a Katie tinha um cancro. No dia 2 de Julho do ano seguinte, ela falecia em casa, comigo e a Maia ao seu lado. E assim começou a minha vida de pai solteiro. A Maia tem oito anos hoje e parece-se mais com a sua mãe a cada diz que passa. Mudámo-nos para sul, para estarmos perto da família da Katie. Mudei de profissão. Somos felizes, mas não há um dia só em que não recordemos a mãe." ©Harry Borden
Nav e Eisa. "Tornei-me pai solteiro quando a relação com a mãe do meu filho terminou. Desde então, tem sido uma montanha-russa. Tive de abdicar de emprego a full time, arregaçar as mangas e ficar mais fechado em casa. Acho que posso afirmar, com justiça, que assumi as minhas novas responsabilidades com determinação. No início foi duro. Havia muita coisa que não sabia. Aprendi imenso. O que gosto mais é de estar lá para apoiar o meu filho quando a vida lhe prega alguma partida. Ajudá-lo a enfrentar os desafios na escola, a resolver problemas com os seus amigos (ele tem muitos, então tenho de partilhar tempo com eles), a andar de bicicleta, seja o que for. Percebi que ser pai é um privilégio e que o meu filho trouxe um significado à minha vida que nunca esperei. Serei para sempre grato por isso."
Nav e Eisa. "Tornei-me pai solteiro quando a relação com a mãe do meu filho terminou. Desde então, tem sido uma montanha-russa. Tive de abdicar de emprego a full time, arregaçar as mangas e ficar mais fechado em casa. Acho que posso afirmar, com justiça, que assumi as minhas novas responsabilidades com determinação. No início foi duro. Havia muita coisa que não sabia. Aprendi imenso. O que gosto mais é de estar lá para apoiar o meu filho quando a vida lhe prega alguma partida. Ajudá-lo a enfrentar os desafios na escola, a resolver problemas com os seus amigos (ele tem muitos, então tenho de partilhar tempo com eles), a andar de bicicleta, seja o que for. Percebi que ser pai é um privilégio e que o meu filho trouxe um significado à minha vida que nunca esperei. Serei para sempre grato por isso." ©Harry Borden
Royston ‘Stone’ e Fin. "A Tracy e eu separámo-nos quando o Fin tinha apenas alguns meses. A depressão pós-parto que ela sofreu fez com que não tolerasse qualquer presença masculina em casa. Nos 15 anos seguintes, mudei onze vezes de casa (cheguei a viver numa carrinha) mas apesar dos altos e baixos pude estar com o Fin quase todos os fins-de-semana. Em Outubro de 2017, a saúde da Tracy deteriorou-se rapidamente após lhe ter sido diagnosticado um cancro no esófago. Ela recusou o tratamento e perguntou-me se eu me podia mudar para sua casa para tratar dela e do Fin. Eu fiquei satisfeito, apesar de profundamente triste. Sempre sonhei que pudéssemos estar juntos novamente. Nos dois meses seguintes, vivi em modo automático, impulsionado por adrenalina. O tempo perdeu relevância – tudo o que temos é este momento, o agora. Na intimidade estranhamente desligada dos cuidados que tinha com ela, entre muito vómito e limpeza e muito pouco sono, encontrámos tempo para dar pequenos passeios de carro e a pé através de paisagens outonais e sentimo-nos confortáveis na presença um do outro. E, inevitavelmente, apaixonei-me pela Tracy novamente, apenas para vê-la desaparecer como a neblina dourada que se forma sobre um lago ao pôr-do-Sol. Sem medo, sem dor, sem arrependimentos: apenas uma aceitação suave e alegre da sua libertação. Foi uma morte tão boa quanto alguém podia desejar. Hoje somos apenas os dois, eu e o Fin, a redescobrir-nos e a reinventar-nos. A rir, a chorar e a sarar gradualmente, juntos. A Tracy continua viva através do nosso amor."
Royston ‘Stone’ e Fin. "A Tracy e eu separámo-nos quando o Fin tinha apenas alguns meses. A depressão pós-parto que ela sofreu fez com que não tolerasse qualquer presença masculina em casa. Nos 15 anos seguintes, mudei onze vezes de casa (cheguei a viver numa carrinha) mas apesar dos altos e baixos pude estar com o Fin quase todos os fins-de-semana. Em Outubro de 2017, a saúde da Tracy deteriorou-se rapidamente após lhe ter sido diagnosticado um cancro no esófago. Ela recusou o tratamento e perguntou-me se eu me podia mudar para sua casa para tratar dela e do Fin. Eu fiquei satisfeito, apesar de profundamente triste. Sempre sonhei que pudéssemos estar juntos novamente. Nos dois meses seguintes, vivi em modo automático, impulsionado por adrenalina. O tempo perdeu relevância – tudo o que temos é este momento, o agora. Na intimidade estranhamente desligada dos cuidados que tinha com ela, entre muito vómito e limpeza e muito pouco sono, encontrámos tempo para dar pequenos passeios de carro e a pé através de paisagens outonais e sentimo-nos confortáveis na presença um do outro. E, inevitavelmente, apaixonei-me pela Tracy novamente, apenas para vê-la desaparecer como a neblina dourada que se forma sobre um lago ao pôr-do-Sol. Sem medo, sem dor, sem arrependimentos: apenas uma aceitação suave e alegre da sua libertação. Foi uma morte tão boa quanto alguém podia desejar. Hoje somos apenas os dois, eu e o Fin, a redescobrir-nos e a reinventar-nos. A rir, a chorar e a sarar gradualmente, juntos. A Tracy continua viva através do nosso amor." ©Harry Borden
Nate, Vey e Dexter. "O que eu adoro em ser pai é poder partilhar todos os momentos preciosos. É ser a pessoa que eles chamam de noite. É vê-los crescer, vê-los transformarem-se em crianças adoráveis, bondosas, maravilhosas que querem segurar a tua mão em qualquer lugar. Tenho muito orgulho em ser pai deles e espero que um dia, ao olharem para trás, se orgulhem de mim também."
Nate, Vey e Dexter. "O que eu adoro em ser pai é poder partilhar todos os momentos preciosos. É ser a pessoa que eles chamam de noite. É vê-los crescer, vê-los transformarem-se em crianças adoráveis, bondosas, maravilhosas que querem segurar a tua mão em qualquer lugar. Tenho muito orgulho em ser pai deles e espero que um dia, ao olharem para trás, se orgulhem de mim também." ©Harry Borden
Neil, Kiwa e Ngaire. "Tornei-me pai solteiro quando a minha companheira, Jeng, morreu, em 2015. Ultrapassei os primeiros dois anos com muita adrenalina e teimosia. Estava constantemente no chão, mas levantava-me novamente, mesmo quando uma voz me dizia ‘fica aí, estás derrotado!’. Às vezes devemos ouvir essa voz em vez de continuar a lutar. Magoei algumas pessoas de quem gosto. Tive empregadores maravilhosos, muito empáticos, mas nem sempre. No local de trabalho, preocupas-te se serás visto como fraco se demonstrares que as coisas não estão bem. O que não significa que não possas continuar a fazer um bom trabalho; é preciso, apenas, que alguém te apoia e compreenda.   O filme favorito dos miúdos é O Meu Vizinho Totoro. No filme, a mãe está no hospital e levanta-se a dúvida se irá voltar a casa. A beleza surreal e selvagem do filme é uma espécie de resposta a uma perda inimaginável. É uma espécie de lembrete de que pode haver beleza e alegria no mundo, mesmo enquanto se espera o regresso. Um dia sonhei que a Jeng era um pássaro. Estava sozinho num barco com os miúdos, sobre as ondas. Tivemos de deixá-la ir, mas ela continua a voar sobre as nossas cabeças."
Neil, Kiwa e Ngaire. "Tornei-me pai solteiro quando a minha companheira, Jeng, morreu, em 2015. Ultrapassei os primeiros dois anos com muita adrenalina e teimosia. Estava constantemente no chão, mas levantava-me novamente, mesmo quando uma voz me dizia ‘fica aí, estás derrotado!’. Às vezes devemos ouvir essa voz em vez de continuar a lutar. Magoei algumas pessoas de quem gosto. Tive empregadores maravilhosos, muito empáticos, mas nem sempre. No local de trabalho, preocupas-te se serás visto como fraco se demonstrares que as coisas não estão bem. O que não significa que não possas continuar a fazer um bom trabalho; é preciso, apenas, que alguém te apoia e compreenda. O filme favorito dos miúdos é O Meu Vizinho Totoro. No filme, a mãe está no hospital e levanta-se a dúvida se irá voltar a casa. A beleza surreal e selvagem do filme é uma espécie de resposta a uma perda inimaginável. É uma espécie de lembrete de que pode haver beleza e alegria no mundo, mesmo enquanto se espera o regresso. Um dia sonhei que a Jeng era um pássaro. Estava sozinho num barco com os miúdos, sobre as ondas. Tivemos de deixá-la ir, mas ela continua a voar sobre as nossas cabeças." ©Harry Borden
Capa do fotolivro "Single Dad", de Harry Borden, editado pela Hoxton Mini Press
Capa do fotolivro "Single Dad", de Harry Borden, editado pela Hoxton Mini Press ©Harry Borden