Férias da Páscoa: Alemães, que não podem fazer turismo no seu país, aterram em Creta e Maiorca

Chegada de turistas a Creta surpreendeu os gregos, que estão em confinamento e têm de enviar um SMS cada vez que saem de casa. Maiorca promete “tolerância zero”.

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Praia na ilha balear de Maiorca: o governo local prometeu "tolerância zero" para violações de regras de combate à covid-19 ENRIQUE CALVO/Reuters

O facto de a Alemanha não permitir turismo interno por causa das regras de prevenção da transmissão da covid-19, não autorizando pernoitas em hotéis por motivos de turismo, está a levar alemães a sair para o estrangeiro nas férias da Páscoa, já que é possível, apesar de desaconselhado, viajar para o estrangeiro. Muitos optaram por ir até à ilha espanhola de Maiorca ou à ilha grega de Creta.

Na Grécia, a chegada de um grupo de alemães causou polémica. O país, que teve uma boa gestão da primeira vaga, atravessa agora uma situação mais difícil – esta semana foi relatado que a capacidade de camas em unidades de cuidados intensivos em Atenas tinha sido esgotada. A presidente da Associação de Médicos Hospitalares de Atenas e do Pireu Matina Pagoni disse ainda que a maioria dos doentes neste momento intubados nos hospitais da região – 70% – ​ têm menos de 50 anos.

O confinamento na Grécia é rigoroso, com a restauração a funcionar apenas em take away, máscara obrigatória na rua, envio de SMS de cada vez que se sai de casa, e limites às deslocações entre concelhos ou até idas à praia que não sejam a pé.

A chegada dos turistas foi vista com maus olhos por muitos gregos, que não podem visitar familiares na altura da Quaresma, antes da Páscoa ortodoxa, numa altura em que as novas infecções estão a aumentar. Muitos questionam as regras de confinamento diferentes para residentes e turistas estrangeiros: o número para o envio dos SMS a comunicar a razão das saídas de casa, por exemplo, não funciona com telefones estrangeiros.

A época turística só deveria começar a 14 de Maio, mas o jornal NeaKriti reportava que a companhia aérea alemã Lufthansa aumentou os voos programados para a capital de Creta com origem em Frankfurt, Munique e Hanôver.

O “17º estado alemão"

A Alemanha – que atravessa de momento uma terceira vaga em fase de crescimento de novas infecções – retirou Maiorca da lista de destinos que obrigavam a quarentena obrigatória no regresso, bastando um teste antes da viagem de regresso. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, dissesse que esta medida não era um convite a viajar, muitos decidiram mesmo assim ir até ao destino tão popular entre os alemães que é por vezes referido como o “17º estado alemão”.

Como a reformada Brigitte, que não quis dizer o apelido, e declarou à Reuters sentir-se mais segura na ilha balear do que em Berlim. “A situação é tão precária na Alemanha que decidimos voar para Maiorca nas férias da Páscoa.”

Isto causou, por outro lado, problemas às autoridades de Maiorca, que está a ter mais chegadas de turistas do que tinham antecipado.

O governo das Baleares anunciou uma política de “tolerância zero” para desrespeito das restrições em vigor para conter a propagação do vírus que prova a covid-19, incluindo a proibição de pessoas que não pertençam ao mesmo agregado em espaços privados, um máximo de seis pessoas em espaços públicos, incluindo praias, e grupos de no máximo quatro pessoas a comer ou beber em esplanadas de restaurantes e bares.

Foi também anunciado mais policiamento das ruas, especialmente nas zonas turísticas, e mais multas além da que está em vigor, de 600 mil euros para violações graves das regras de contenção da pandemia, incluindo festas ilegais.

Na Alemanha também há descontentamento pelas regras em vigor permitirem mais facilidade idas ao estrangeiro em turismo quando os hotéis apenas podem disponibilizar quartos para motivos que não sejam turísticos. A oferta turística está restrita às chamadas férias de pouco contacto, em alojamento local sem prestação de serviços, ou autocaravana com casa de banho própria, por exemplo.

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