Vitor brinca com o fogo para mostrar a vida escondida nas árvores

As Esculturas Impermanentes de Vitor Schietti, fotógrafo brasileiro Vitor Schietti
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As Esculturas Impermanentes de Vitor Schietti, fotógrafo brasileiro Vitor Schietti

Vitor Schietti descobriu o fogo. Não as chamas que tudo consomem, mas pequenas faíscas, que “revelam uma energia vibrante que não conseguimos ver a olho nu”. “Está relacionado com algo anterior à própria vida, ou melhor, um impulso, uma força primordial que penetra e emana de tudo, seres vivos e aparentemente não vivos”, apresenta. O artista brasileiro já era fã de longas exposições e da técnica fotográfica de light painting, quando começou a experimentar mostrar a vida escondida nas árvores, rochas e paisagens naturais com os foguetes conhecidos por “estrelinhas” (“chuva de prata” no Brasil, explica). 

Conseguimos imaginar como é que essa energia flui de dentro de uma árvore e se manifestaria, se nós pudéssemos vê-la”, explica Vitor ao P3. Chama-lhe “fotografar o inconsciente”.

A maior parte das imagens aqui partilhadas são sobreposições de várias longas exposições (até porque as faíscas não duram para sempre). Vitor fotografa ao anoitecer, no momento-chave entre a noite e o dia, “uma janela mágica de 30 minutos” que depois lhe permite equilibrar as cores do cenário com as cores das luzes artificiais. Quanto mais pratico esta técnica, mais ela se torna previsível para mim. Há muito controlo no meu trabalho artístico. Mas claro que a fazer arte estou sempre aberto à ambiguidade ou a alguma intenção retroactiva”, comenta. A série Esculturas Impermanentes já inclui uma evolução” da técnica que desenvolveu, agora também com o uso de stencils para criar formas geométricas. 

Para explorar a ideia de conexão entre seres, o fotógrafo sediado em Barcelona quer alargar o projecto que começou em 2015, no Brasil, a outros seres vivos e assim dar luz a outras questões. “Esta energia estende-se aos seres humanos e aos animais não-humanos, mas isto parece ter ficado perdido na ânsia de consumo e de poder que observamos nas sociedades contemporâneas”, defende. Aqui fica “um lembrete que tudo está conectado”.