Lojas atraem novos clientes com vendas em directo nas redes sociais

Se por um lado há lojas completamente inseridas nos directos nas redes sociais, por outro ainda há quem resista à exposição mediática. Uma viagem de Ponte de Lima a Aveiro.

Foto
Paulo Pimenta

Durante o confinamento, várias lojas de roupa de comércio local migraram para as redes sociais e começaram a transmitir sessões de vendas em directo para milhares de espectadores espalhados pelo mundo, mudando o conceito de proximidade. Através do Facebook ou do Instagram, as pessoas passaram a aceder aos estabelecimentos comerciais sem sair casa.

Rosa Alves, responsável da Boutique Sol, em Viana do Castelo, explica que a carteira de clientes triplicou com os directos online. “Adquiri clientes que não tinha, ganhei mais clientes, porque havia pessoas que não sabiam que a loja existia”, conta, acrescentando que o online “foi uma boa aposta”. Com roupa de mulher e homem para várias faixas etárias, a lojista indica que tenta fazer dois directos por semana, de cerca de dois minutos, não tendo de pagar ao Facebook pela transmissão. “Agora, como estou [com a loja] aberta ao postigo, de segunda-feira a sábado, tento fazer o directo ao domingo ao final do dia”, realça, sublinhado que já está mais inserida na nova técnica de venda.

A lojista, que vende sobretudo para aquele concelho do Alto Minho, admite que continuará a fazer directos, depois de reabrir totalmente a loja ao público. “Vou fazer. É uma questão de adaptação, porque os directos são uma questão de estar atenta. Em vez de estar a anotar no computador, faço-o directamente na etiqueta da roupa, marco o nome da pessoa”, diz.

Também no mesmo distrito, em Ponte de Lima, encontra-se a Sparkle, uma loja que já vendia online e aproveitou a onda dos directos para se inovar. “Durante a pandemia já não chega o online, não chegam só as fotos. A única solução que arranjámos foram os directos, porque não podemos ficar para trás”, refere Ana Gomes, responsável pela loja.

Segundo a lojista, as vendas na Internet dispararam e na reabertura do comércio ao postigo realizou directos em quatro dias consecutivos, lembrando que prepara encomendas todos os dias para vários pontos do país e até para França e Suíça. “Apesar de ser uma coisa que nos corta muito, muito tempo, acho que nós podemos ser gratos por aquilo que os directos fazem. O nosso dever é continuar”, defende Ana Gomes, observando que as pessoas têm procurado mais o comércio local.

Se por um lado há lojas completamente inseridas nos directos nas redes sociais, por outro ainda há quem resista à exposição mediática, como é o caso da Duetto Di Trapo, em Ponte de Lima, que tenta chegar aos clientes através das publicações no Instagram. “Só colocamos fotografias. Tentamos fazer mais publicações agora do que aquilo que fazíamos. Ao haver mais publicações há mais feedback das pessoas”, diz a sócio-gerente, Sofia Gonçalves, recordando que ainda não ganhou coragem para iniciar as vendas em directo. “Acho que temos de ter alguma preparação, então acabamos por adiar. Estamos a ponderar”, acrescenta.

Por seu lado, a cadeia de lojas de roupa Samipe, em Santa Maria da Feira, Aveiro, não só se adaptou às vendas em directo nas redes sociais, como já investe em equipamento de vídeo. “Não é simplesmente fazer com o telemóvel. Já temos uma estrutura por detrás e estamos a montar equipamentos para manter os directos a funcionar”, anuncia Miguel Ferreira, explicando que os directos são “um meio de publicidade muito forte”.

Segundo o proprietário do grupo de lojas, constituído por quatro estabelecimentos comerciais, com os directos conseguiu atingir um marcado que ainda não havia sido explorado: o das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. “Estamos a vender para França, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos. Conseguimos atingir um mercado que não tínhamos. Não o mercado em língua estrangeira, mas, sim, o dos nossos emigrantes”, indica.

Dois meses após ter sido imposto um novo confinamento para controlar a covid-19 em Portugal, puderam reabrir em 15 de Março as lojas de comércio local de bens não-essenciais para venda ao postigo, assim como os cabeleireiros, as manicures, as livrarias, o comércio automóvel, a mediação imobiliária, as bibliotecas e arquivos.

As lojas até 200 metros quadrados com porta para a rua deverão reabrir em 5 de Abril, segundo o plano de desconfinamento a “conta-gotas” apresentado pelo Governo em 11 de Março e que começou a ser aplicado quatro dias depois.

Sugerir correcção
Comentar